04 setembro 2022

CASA DE MÃE

                                                                (Augusto-Peixoto)



                                                               

Depois da rebeldia da adolescência, da vontade de abraçar o mundo com liberdade, de alçar seu primeiro voo em busca de realização, de conquistar o próprio espaço, você olha para trás e até percebe que verteu e deixou lágrimas pelos caminhos. Não foram lágrimas de tristeza, mas de saudade. Saudade da casa da mãe.

Quando tropeça, se frustra, se perde, parece ouvir aquela conhecida voz a lhe dizer: volta, a casa será sempre sua, estou aqui.

Aquela casa tem cheiros e sabores especiais. É ponto de encontro em muitas datas e, mesmo que não esteja lá, fisicamente, seus pensamentos conseguem acompanhar todos os movimentos, todas as vozes, todo o acolhimento que ela oferece. E por vezes incontáveis você desejou estar lá, contando seus progressos e fracassos ou, simplesmente, ficando em silêncio,  para absorver a paz que aquele lugar lhe proporciona.

Casa de mãe é paraíso que não foge, que não se distancia, que não tem portas fechadas. Seja grande, pequena, minúscula, abriga todos os filhos e agregados, ainda que embolados. Não faltam lençóis limpos, panelas fumegantes no fogão, um doce preferido, um sorriso amigo. É a casa da verdade, das origens, dos valores, do amor. Ali, não importa o eventual descascado das paredes, o chuveiro que falha, a ausência de aparelhos modernos e sofisticados como os que você tem em sua própria casa. Ali, mora a simplicidade de uma convivência que não se perde no tempo e na distância.

Aquela é a casa do amor e não subsiste apenas como casa, mas como abrigo de um grandioso coração. E quando ele para de bater, tudo perde o sentido. Não há mais reuniões, mais braços abertos, mais aconchego. Vira apenas uma casa, como qualquer outra, já que deixa de ser o conhecido símbolo de uma proteção indestrutível e da primeira felicidade familiar.

                                                                 Marilene


11 comentários:

  1. Querida amiga Lena, boa noite de domingo!
    Normalmente as pessoas têm boas lembranças da casa onde viveu a infância e para lá volta sempre que precisa de colo, quando cresce.
    Sua crônica está revestida de Amor, de experiências boas, (na certa), como é o normal.
    Muito sentimental e permeada de afeto.
    Feliz de quem tem uma casa assim para se transportar quando ela não mais existe.
    Muito bonita sua crônica.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinho💐

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  2. Te li com prazer e termino emocionada...
    Essas saudades são grandes demais e existem... Pena que acabam essas casas... Adorei! beijos, tudo de bom,chica

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  3. Descreveste com arte e sensibilidade essas saudades especiais com as quais nos habituamos a conviver diariamente.
    Casa de mãe é um ninho único onde o amor, carinho e consolo são permanentes e, por isso, as suas recordações são calorosas e emocionantes.
    Gosto muito de te ler, Marilene. Já te tinha dito?
    Tem um semana leve e jovial. Beijos, querida amiga.
    ~~~~

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  4. Muito bom, Marilene! Depois de 99 anos conosco, a minha mamãe se foi há dois anos. Acreditas que ainda não consegui voltar à casa? Como dói a saudade! Meu abraço, boa semana.

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  5. Belo e verdadeiro texto Marilene. Lembrei-me da minha querida e inesquecível MÃE. Uma casa que para os filhos, não faltava nada, tinha de tudo.

    Abraços e uma ótima semana para ti e para os teus.

    Furtado

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  6. Bah, Marilene, quanta sensibilidade a tua, você dá o
    tempero na hora e na medida certa. Lendo tua excelente crônica me deu muita saudades dos meus pais, das minhas raízes, parece que ficaram lá na casa da infância, da adolescência onde não tínhamos a preocupação de proteger, pois os filhos eram protegidos. É o ciclo da vida...
    Uma boa semana, querida,
    beijo!

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  7. Casa de mãe é aconchego e amor.
    Você escreveu lindamente aqui, Marilene.
    Adorei ler a sua crônica.
    Tenha uma abençoada semana.
    Beijinhos
    Verena

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  8. Um belo e sentido texto, que me fez bater aqui uma saudade...

    Beijinho e tudo de bom!

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  9. Querida Marilene
    Neste seu texto diz tudo o que representa
    a Casa da Mãe. É aconchego, é alegria,
    é confiança na hora de chegar e ver a porta
    franqueada. São os cheiros, a comidinha
    preferida, a cama feita de lavado, enfim tudo
    o que nos dá a sensação de protecção
    e bem-estar.
    Bom domingo e tudo de bom.
    Beijinhos
    Olinda

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  10. Meu abraço e boa semana, amiga. Aguardo o próximo post.

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  11. Boa tarde Marilene
    A sensibilidade aliada à saudade essa palavra tão portuguesa e que a autora definiu muito bem neste admirável texto.
    Gostei muito de ler.
    Boa semana com saúde e paz.
    Um beijo
    :)

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