Fui menina
tímida. Tão tímida e insegura que me assustava com minha própria sombra. Essa
timidez me acompanhou
pela adolescência e se mostrou presente mesmo quando já adulta. Diante de um
elogio, queria abrir um
buraco e me esconder. Até me justificava, para tornar seu objeto algo comum e
sem necessidade de abordagem. Vez
ou outra buscava a origem desse incômodo (pois o é), sem encontrá-la. Talvez,
por minha mãe ter
sido muito exigente, e eu nunca sentir que a havia satisfeito em suas expectativas, quando criança, tenha alimentado essa sensação de
que tudo que realizava era rotineiro e não merecia aplausos.
Como falava
pouco, desenvolvi a capacidade de observar. Nada me escapava. E ela me foi muito
útil na vida
profissional. Lia muito e com extrema atenção. Assim, em processos, nada me
passava despercebido. Da mesma forma,
gestos e maneira de falar das pessoas me viabilizavam uma percepção clara
sobre a veracidade do que afirmavam.
Isso me
conduziu ao caminho que escolhi (ou
fui escolhida) para desenvolver, no campo do Direito. Trabalhava com pareceres e em função de assessoramento. Ninguém poderia
supor minha timidez, pois tinha enorme segurança para tratar de assuntos
profissionais.
Abordei essa
matéria porque a timidez faz com que não gostemos de ser observados. E passei
por situações
constrangedoras por causa dela. Certa vez, ao ser chamada para entrevista, em um
curso com participação
predominantemente masculina, escorreguei no meio da enorme sala e fui com tudo ao
chão. Levantei-me com
tamanha rapidez que não possibilitei a nenhum dos muitos que correram para me
socorrer, fornecer ajuda.
Certamente, durante todo o período daquele curso, eles se lembravam que eu era
a moça do tombo,
quando me olhavam (kkkkkk).
Em algumas circunstâncias, todos podem se mostrar tímidos. Há pessoas com dificuldade para lidar com o sexo oposto, por exemplo, mas ela é apenas situacional. Os adultos podem aprender a superá-la com utilização de técnicas específicas que levam ao aumento da autoestima/autoconfiança, fundamentais nesse processo. O mesmo não ocorre com as crianças.
Em algumas circunstâncias, todos podem se mostrar tímidos. Há pessoas com dificuldade para lidar com o sexo oposto, por exemplo, mas ela é apenas situacional. Os adultos podem aprender a superá-la com utilização de técnicas específicas que levam ao aumento da autoestima/autoconfiança, fundamentais nesse processo. O mesmo não ocorre com as crianças.
A timidez
costuma não merecer a devida atenção por parte de pais e professores, que a
atribuem, simploriamente, a uma fase da vida. Quando vejo crianças que assim se
mostram, percebo que precisam de
ajuda. Auxiliar os pequeninos a interagir positivamente, incutindo-lhes
segurança para se apresentarem como realmente são, sem medo, é dever de quem
educa. Eles precisam de autoconfiança para se posicionarem
quando necessário e até para se imporem diante dos que gostam de pisar
nos aparentemente
fracos. Não tenho conhecimentos técnicos para uma abordagem profunda, mas creio
que os que sofrem bullying são tímidos. Professores devem estar atentos a
isso, eis que são levados, inconscientemente, a gostar dos mais desinibidos e
risonhos. E com apenas um passo em falso
poderão provocar traumas que só uma terapia conseguirá apagar.
Com a maturidade,
passamos a não nos importar com o que os outros pensam e dizem. Não mais somos
afetados por influências externas, dessa natureza. Não receamos ser avaliados
porque temos consciência de nossa capacidade e de nossas falhas. Mas crianças ,
adolescentes, e até os jovens que estão se lançando no mercado de trabalho,
teriam maiores oportunidades se superassem a timidez, eis que ela pode prejudicar a própria qualidade de vida.
Marilene
Que lindo relato de vida... A timidez é mesmo fogo. Sei bem, pois sou tímida, bicho do mato até... Tive que rir imaginando a cena do tombo,rrs..Mas acontecem situações assim mesmo, devido a timidez ao saber que estamos sendo vistas com atenção. Acredito que nada melhor do que a força dos pais, o carinho, mostrando segurança e lados positivos na criança, pode ajudar desde cedo. Adorei te ler! beijos, lindo fds! chica
ResponderExcluirNunca vou me esquecer desse tombo kkk. E da vergonha! É preciso, realmente, levantar o moral das crianças, para que não se sintam inseguros e incapazes. Bjs.
ExcluirBem aberta essa página da tuas vivências postando foco na timidez, que por certeza, embaça muito a vida dos pequenos e dos jovens, sendo importante os gestos ativos dos pais e professores sobre as consequências percebíveis para que sejam tratadas com cuidado e amparo emocional.
ResponderExcluirUm tema inesgotável, Mari, mas, por aqui, com a pitada certa de bom humos,rsrsrs
Bjsss,
Calu
Calu, remover a timidez das crianças é mais fácil que dos adolescentes, que já enfrentam as inseguranças próprias da idade. Pais e professores têm grande responsabilidade nessa questão. Bjs.
ExcluirBom dia Marilene tudo bem? Sou brasileiro, carioca e procuro novos seguidores para o meu blog. E seguirei o seu com prazer. Novos amigos também são bem vindos, não importa a distância. Sou o seguidor número 341.
ResponderExcluirhttps://viagenspelobrasilerio.blogspot.com/?m=1
Luiz, eu fui lá e passei a seguir você, já que dá grande importância ao fato. Inobstante, ressalto que a interação, nesse nosso mundo tão especial, pede muito mais que isso. Número de seguidores nada representa para mim.
ExcluirBoa tarde obrigado pelo comentário e visita. Saudades de BH. O Mercadão é maravilhoso.
ResponderExcluirParece que nem minha resposta você se interessou em ler.
ExcluirNossa!!! Que crônica certeira e maravilhosa, Marilene! Esse relato deveria correr mundo afora, a timidez é universal e está nas pessoas muito mais do que imaginamos. Pessoas maravilhosas e capazes muita vezes não desenvolvem os outros lados de sua personalidade. Como a timidez tem seu lado de insegurança muito forte, claro que outros crianças deitam e rolam sobre uma criança tímida. E os adultos, muitos, olham, enxergam, e vão levando, muitos dos pais são assim, sem dúvida.
ResponderExcluirMil parabéns por essa sua postagem que ajudará a muitas pessoas a darem a volta por cima e dizer sim, eu posso, eu vou conseguir! Ou pelo menos buscarão uma terapia.
Beijo, querida, você é demais!
Um bom feriado.
Taís, querida, suas colocações são perfeitas. Muitos não conseguem mostrar o lado encantador que possuem, em vista da timidez. Um ótimo feriado também para você e o Pedro. Bjs.
ExcluirOlá Marilene!
ResponderExcluirVim conhecer sua "outra casa",rsrs.
Enquanto lia, me vi em cada palavra e também acontecimentos.
Vi também meus filhos. Principalmente o mais velho, que herdou toda timidez e insegura de mim.
Sofri, e ainda sofre demais com tamanha timidez e insegura. Sofro por mim o por saber que meus filhos tem as mesmas dificuldades, que sei que são fatores hereditários, mas que agravaram demais pela forma opressora que vivemos, enquanto eles eram crianças e adolescentes. Falo do ambiente familiar... Não era um lar de paz.
Isso fez tanto a mim, quanto a eles, passar a ser cada dia mais tímidos e sem nenhuma autoestima.
Mas, não tinha como ser diferente...
Hoje, tentamos enfrentar essas barreiras.
Abraços, Deus cuide de ti 🌹
Opressão gera inúmeros desconfortos e acentua a insegurança. Ainda bem que você conhece a origem das dificuldades enfrentadas, o que lhe dá maior força para vencer os desafios. Devagar, devagar, vão superar tudo, com a graça de Deus. Bjs.
ExcluirAmém!
ExcluirQue texto importante, Marilene. E me identifico muito pq eu ainda sou mt tímido. E observador também. Ajuda que uma coisa se liga a outra.
ResponderExcluirObservador sei que é, Sérgio, pois os detalhes que evidencia em suas postagens são reveladores para nós que as lemos. Parece que observar é uma qualidade dos tímidos rss.
ExcluirMais um texto lúcido e verdadeiro, Marilene! Também fui uma criança muito tímida e, de certa forma, ainda o sou; lido melhor com as palavras escritas, do que com as ditas... embora já tenha melhorado algo, neste quesito. Como você bem diz, a idade nos faz adquirir autoconfiança... até por uma questão de sobrevivência! Para as crianças, é bem mais difícil. Meu abraço, amiga; boa semana!
ResponderExcluirE questão de sobrevivência, realmente. Com a maturidade enfrentamos melhor nossos desafios. Ótimos dias também para você! Abraço.
ExcluirOlá, Marilene, perfeita sua crônica, você é uma vencedora em ter escrito esse belíssimo texto com tanta naturalidade e tantas verdades. Peço-lhe permissão para assinar em baixo do que a Taís escreveu.
ResponderExcluirGrande abraço, uma boa continuação de semana.
Pedro.
Sinto-me honrada com suas palavras, Pedro. Muitíssimo obrigada. Você e a Tais, de quem muito gosto, são gentilíssimos. Uma ótima quinta-feira para vocês.
ExcluirMarilene
ResponderExcluirUm relato de vida que me emocionou e que gostei bastante de ler.
Bom fim de semana.
Beijinhos
:)
Costumamos deixar pedacinhos de nós em alguns lugares rss. Obrigada. Bjs.
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