29 janeiro 2014

(PRE) JULGAMENTOS

(Benoit-Courti)

                                                      
                                                      
Lendo uma reportagem sobre os (pre)julgamentos que vem sendo feitos nas redes sociais e blogs, a propósito de fatos noticiados pela imprensa e ainda sem apuração, tive que admitir, pelo que muitas vezes observo, que condenar sem julgamento é opção de muitos. Com criativa imaginação e baseadas em seus próprios conceitos, algumas pessoas delineiam a ocorrência e passam a discorrer sobre ela, sem fundamentação que pudesse embasar inaceitáveis julgamentos. Abstenho-me de comentar, quando entro em espaços com esse tipo de manifestação. Talvez, pela própria formação, creio que não nos cabe, sem cabais provas, acusar e condenar. Se até com elas, algumas vezes forjadas e irreais, podemos nos equivocar, imaginem sem conhecimento de todos os fatos.

Isso me levou a um outro tipo análise, envolvendo situações bem mais simples e corriqueiras, capazes de magoar. Quando minha irmã se formou, morava no interior e veio a Belo Horizonte para comprar o vestido. Depois de muito andar, e já cansada, gostou do modelo exposto em uma loja e entrou com o intuito de experimentá-lo. A vendedora não lhe deu atenção e era fácil ler seus pensamentos: ela não tem condições para adquiri-lo. Baseou-se em sua aparência, abatida, de jeans, camiseta e tênis. Ela saiu dali chateada e comprou outro, muito mais caro, onde foi bem atendida.

É comum esse tipo de avaliação em lojas tidas como sofisticadas e notoriamente conhecidas. A ignorância predomina porque se deixam levar pela apresentação do cliente, nem sempre condizente com seu poder aquisitivo. Já fui vítima dela, em uma loja do Shopping Iguatemi, em São Paulo. Vestida de maneira simples, pois saíra com minha irmã para fazer compras para uma loja que tínhamos em Belo Horizonte, passamos no shopping para fazer um lanche antes de retornarmos ao hotel. Gostei de um conjunto exposto em uma vitrine e entrei. Perdi a uma das vendedoras que me trouxesse a numeração adequada dele. Só um instante, disse ela, e começou a dar atenção a outra cliente. Fiz o mesmo pedido a mais uma vendedora e não obtive sucesso. Em alto e bom tom, falei a minha irmã para procurarmos algo em outra boutique,  porque ali não tinham interesse em vender. A gerente ainda se aproximou, tentando contornar a situação, mas eu lhe disse que não executava bem seu trabalho e fomos embora.

Todos gostamos de ser bem tratados e nunca avaliados e julgados. Os princípios religiosos, em qualquer seita, já recriminam essa conduta. E eles estão presentes nas regrinhas de boa convivência e de respeito. Para uma compra, não deixa sequelas, porque não voltamos à loja, passamos a informação a terceiros e optamos por outro estabelecimento. Mas quando o (pre)julgamento envolve questões morais, atos tidos erradamente como ilícitos, denegrindo a imagem de pessoas, é muito mais sério. As consequências podem ser irreparáveis.


                                                            Marilene



27 comentários:

  1. Tens toda razão e trouxeste com lucidez e verdade o tema. Ocorre muito e como essa situação! Infelizmente!! bjs praianos,chica

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  2. Há um ditado que diz: As aparências iludem. E isto aplica-se também a este tema. Não julgar, não avaliar sem provas cabais. Aliás, que direito temos nós de o fazer se todos nós estamos sujeitos a erros?

    Bj

    Olinda

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  3. Magnfica reflexão Marilene. A mente do Homem induz o próprio a cair nessa teia de preconceitos e pre-julgamentos. Usemos da razão com sensibilidade à mistura.

    Um beijinho
    cecilia

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  4. Já passei por situações semelhantes em lojas aqui em Aracaju Marilene, O primeiro olhar das funcionárias é olhar a gente dos pés à cabeça, para tentar descobrir o poder aquisitivo, para então dar o devido atendimento. Ridículo demais!!

    Beijos

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  5. Pois é amiga Marilene, isto de vendedor colocar em 2º plano pessoas vestidas com simplicidade é muito comum. Aconteceu com um camarada meu a seguinte situação: o cara usando bermuda, camiseta e chinelo de dedos entra na loja de automóveis e depois de longa espera, um vendedor tenta conduzi-lo para o setor de usados, mas ele insiste que quer efetuar a compra a vista de um modelo novo, entretanto, o vendedor ao ouvir o desejo do homem, já pensa em retirá-lo do estabelecimento, menos mal, que aparece o dono da loja e efetua a venda do carro que o meu amigo desejava.
    Ah, essa aconteceu comigo, até já nem lembrava mais: Há quarenta anos, eu era jovem e sai no meio da tarde para comprar meu primeiro, um fusca usado, na cor azul, mas minha figura assustou o vendedor. Naquele tempo eu portava um cabelão e uma barba estilo misto, entre, Che Gevara e Lula - acho que o Lula ainda era um ilustre desconhecido - e de calça jeans, provavelmente de camiseta e um tênis. Então vendo a placa com o valor do fusquinha, falei que queria comprá-lo, mas homem começou com um papo de que o carro estava reservado, etc e tal. Só consegui fazer o negócio quando mostrei o dinheiro em papel, pois naquele tempo eu não tinha cheque e nem cartão de débito. Claro que me senti mal, mas eu queria muito aquele carro.
    Um abração. Tenhas um lindo dia.

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  6. Essa história com a sua irmã, e a outra com vocês duas é bem elucidativa de maus julgamentos feitos baseados ao fim e ao cabo em nada de substancial...Desde quando a forma de vestir diz algo acerca de uma pessoa?!...Fez-me lembrar o que aconteceu com Oprah Winfrey numa loja Hermes em Paris; ser-lhe impedida a entrada simplesmente por não ter sido reconhecida.
    Atitudes de selectividade ridículas que só podem é prejudicar a própria loja, embora seja algo de extremamente desagradável para quem sofre esse tipo de discriminação. Pensei até que o Brasil fosse um país muito mais descontraído a esse nível, mas parece que é um mal geral no que às lojas sofisticadas e certo tipo de restaurantes diz respeito.
    Julgar pela aparência, para além de injusto, é a forma mais fácil de conduzir ao erro, e quando envolve questões de julgamento imediato sobre aspectos de moralidade era bem bom que se tivesse tento na língua.
    Muito boa reflexão!
    Ah, agora já sei quem é a tua irmã...a querida Vera Lúcia!...:-)
    xx

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  7. Muito lúcido este seu tema. Aqui em Portugal sucede o mesmo. Tem lojas que eu nem entro,
    exactamente por isso. Às vezes os que parecem ter melhor aparência, são os que menos
    dinheiro têm. O dinheiro não se vê só pela aparência.
    E eu não sou uma pessoa sofisticada, por opção.
    Bj.
    Irene Alves

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  8. Oi Marilene :)
    O que mais existe no mundo é prejulgamento, nem se apura a veracidade dos fatos, e começa o falatório.
    Devemos monitorar nosso comportamento, pois como vc escreveu:
    'As consequências podem ser irreparáveis'.
    E sobre cenas corriqueiras que são capazes de magoar, esses dias presenciei um acontecimento onde certamente o intuito da vendedora era humilhar a pessoa:
    Eu estava numa loja com minha irmã, e chegou um senhor que possivelmente é pintor e talvez por estar até com as mãos manchadas de tinta, nenhum vendedor deu atenção a ele.
    Depois de vários minutos e após ter atendido até quem chegou depois dele, uma vendedora com má vontade o atendeu.
    Ele disse que queria comprar um celular pra filha dele... a vendedora mostrou um de 100 reais, mas ele muito simples porém convicto do que desejava disse que queria um iphone... a moça o olhou com cara de espanto e já foi logo se justificando ao dizer que pra ele levar aquele produto tinha que dar uma entrada de 'valor x', senão a loja não parcelaria o restante. Foi quando eu, só observando, adorei quando ele disse:
    eu vou pagar é à vista! A atendente ficou muito sem graça...
    Bjs!

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  9. Marilene, nunca se pode ninguém sem ouvir duas partes, muito menos pelas aparências. Não sou formado, mas digo isso muito. Sabes muito bem que cada qual diz apenas o convém, é pois curial nunca se fazer julgamentos precipitado. Sobre o segundo caso, é necessário ouvir bem, para se analisar bem o tipo de cliente. Refletido sobre a interferência da gerente, poderei dizer que foi tardia. Fernando Pessoa, escreveu numa revista comercial: "não hã empregados maus, há é empresas que têm empregados maus"!
    Beijos

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  10. Onde eu assino? Perfeito eu texto e infelizmente esse tipo de pré-julgamento parece nunca ter fim. Vc fez mt bem em sair dessa loja e ainda ignorar o blá blá da gerente. Até porque ela é quem deve ter dado orientações pras funcionárias. Beijos.

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  11. Bom dia, amiga
    A minha modesta incursão no campo da poesia deu origem a um post que publiquei hoje, dia 30.
    Devo continuar? É melhor desistir? Qual é a tua opinião?
    Aguardo-te na minha «CASA», para te pronunciares…
    Obrigada.
    Beijinhos

    PS - Voltarei para ler e comentar.
    + 1 beijito

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  12. Bom dia querida!
    Já fui vítima deste (pre) julgamento que me causou constrangimento e tristeza, por que a loja estava cheia e a atendente simplesmente falou:"este é muito caro", fiquei muito sem graça e sai da loja e entrei na loja em frente e comprei lá as coisas que quiz e fui bem tratada, mas voltei na loja e mostrei as sacolas a atendente, e disse-lhe, 'veja bem o que você deixou de ganhar em comissão, por causa do seu preconceito menina e saí.
    Outro dia vi issono banco e não deixei por menos e defendi aquela senhora que estava sendo mal tratada pela gerente.
    Não aguento, quando vejo estas coisas eu tenho que agir.
    Um abrço querida Marilene.

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  13. Marilene, acho difícil alguém não ter passado por uma dessas! E vi que os casos com as vendedoras é até corriqueiro. O pior é que ouvi de um dono de loja que os vendedores são treinados para isso: a quem vender e como vender. E embuchar a mercadoria, nem que seja um número maior. Ou menor. E sobre nossa aparência 'à vontade'... Cruzes. Infelizmente somos julgados pela aparência.
    Mas coisas piores acontecem quando pegamos alguém com intenções já pre-estabelecidas voltadas para a difamação, calúnia etc...

    Beijão!

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  14. Marilene, também já passei por uma dessa da loja.
    Ser bem tratada nessas lojas é uma questão de boa aparência, aí onde entra o julgamento.
    Uma pena!
    E assim tem sido em tudo.
    Parabéns pelo texto claro e direto.
    Compartilhado com os créditos.
    Xerosssssss

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  15. Oi, Marilene
    Muito obrigada pelo carinho da sua presença pronta e seu lindo comentário.

    Concordo inteiramente com a sua análise. Comigo acontece uma coisa muito curiosa. Quando faço algum juízo errado acerca de alguém e depois verifico que me enganei... fico doente! Não acontece muito porque sei, mais ou menos bem, avaliar as pessoas. Mas não sou infalível :)))
    O comportamento nas lojas é bem como diz. Na maioria das lojas que frequento já me conhecem e posso ir até de chinelo que me tratam sempre bem. Onde não me conhecem, e se é loja a "dar-se ares", ponho-me logo em cima do meu metro e 50 (é brincadeira, tenho 1,60), olho por cima do ombro, e muitas vezes saio sem dizer água vai. Experimente, vai ver como é boa a sensação :)))

    Bom fim de semana
    Beijinhos

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  16. Boa tarde Marilene.
    Excelente postagem ,por abordar essa tema tão pouco abordado ,mais muito corriqueiros na vida de muita gente, não temos o direito de julgar ou pre-julgar ninguém,ate porque se tratando do fato em saber quem ter poder aquisitivo fica muito difícil, porque quem tem não se expõem,geralmente o vestimento é básico e confortável,afinal não se esta indo para nenhum coquetel e sim as compras.
    Um lindo final de semana e um més de fevereiro com muitas alegrias.
    Beijos.
    Beijos.

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  17. Querida amiga

    O aprendizado
    do julgamento é sempre longo,
    e nem sempre estamos dispostos
    a fugir da brevidade do superficial.

    Ser feliz,
    é deixar-se engravidar
    pela simplicidade da alegria.

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  18. Olá, Marilene, como vai? Seus relatos imediatamente me remeteram ao filme Uma linda mulher, onde a prostituta protagoniza cenas parecidas e depois volta à loja para a desforra.
    O respeito é uma atitude que deve prevalecer em qualquer âmbito, em relação à qualquer pessoa. Há lojas em que já fui bem tratada sempre e outras que as pessoas agem de forma diferente de acordo com a apresentação. É lamentável e mostra a pequenez de espírito das pessoas mal preparadas que encontramos por aí.
    Trabalhei muitos anos com atendimento ao público e sempre procurei atender muito bem os humildes, justamente por saber que não encontravam esse tratamento em todo lugar e por isso, sempre tinham uma postura de muita gratidão, que davam de dez a zero em muitos bacanas que não sabiam nem dizer um "obrigado" na saída.
    Ótimo post, Marilene, como sempre.
    Um abraço!

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  19. Este comentário foi removido pelo autor.

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  20. Oi mana,

    Ao ler o texto pensei imediatamente no filme 'Uma linda Mulher', já citado pela Bia. Julgar pelas aparências é um tremendo equívoco e falta de sensatez e de caridade, pois aparências nem sempre traduzem verdades. No caso da sua irmã (eu-rsrs), perdeu a loja e a própria vendedora, pois ficou sem uma boa comissão.
    As consequências de um (pre) julgamento equivocado podem levar a situações irreparáveis, como você salientou com propriedade, quando diz respeito a questões morais. E, afinal, para julgar alguém precisaríamos ser perfeitos, coisa que estamos longe de ser. Prejulgar é deduzir e deduzir nem sempre é interpretar a verdade. 'É um pré-julgamento de certezas alheias'.

    Muito bom, mana.

    Beijão.

    PS: Removi o comentário anterior para retificá-lo.

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  21. Querida Marilene. Excelente esse seu texto. Muito comum vermos vários pré julgamentos movidos pela aparência e não pelo verdadeiro eu de cada um.

    Triste essa realidade,mas verdadeira.

    Bom ler esse tipo de reflexão e todos deveriam estar aqui e perguntar a si mesmos se estão comentendo essa discriminação.
    Sim.É um tipo de discriminação!

    Obrigada pela visita,querida


    Beijos e uma semana de alegrias

    Donetzka

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    Blog Magia de Donetzka


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  22. Mari,
    esta é uma postura difundida(infelizmente) com a qual sempre briguei: o pré-julgamento.Em sala de aula é público e notório esse comportamento desde os pequenos até os maiores, daí minha batalha ter sido intensa contra este mal-estar social que contamina todos os setores das relações sociais.
    Tuas desagradáveis experiências são bem mais igualadas do que gostaríamos.
    Um belo domingo.
    Bjkas,
    Calu

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  23. Pura verdade, Marilene! Tratar bem os outros, eu acredito, é o melhor caminho para sermos igualmente bem tratados. E acreditar nos outros é a melhor forma de aprender a acreditar em nós. Belo texto, boa semana.

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  24. .

    Ninguém está livre disso,
    minha jovem e bonita
    senhora.

    Beijos.




    .

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  25. Olá, querida Marilene
    Infelizmente tenho que endossar o seu post, brilhantemente escrito...
    Tomara que fosse diferente!!!
    Sabe que tenho gostado muito de morar num lugar onde poucos me conhecem e sou totalmente uma Maria ninguém? Não tem desgaste algum e vivo livremente... sem pre julgamentos, sou uma na multidão...
    O pico molesta: se estamos bem, somos invejados e que coisa horrível é isso!!! Somos julgados... ou similares...
    É bom demais poder ser, simplesmente...
    To fugindo de tudo isso como o diabo foge da cruz... quero ser multidão normal... nem julgar nem ser julgada... qualquer pequeno destaque, por menor que seja, vem logo os que se arvoram em juízes dos demais... Isso cansa muito!!! Não tenho mais energia pra esse tipo de coisa... To descendo a montanha...
    Peço a Deus para me libertar de julgar o semelhante e viver em paz...
    Parece simples mas só pela Graça...
    Bjm fraterno

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  26. ola marilene,
    faço este comentário para não atrapalhar seus comentários atuais...
    gostaria de saber se gostaria de fazer uma parceria comigo, aonde eu te forneço uma imagem e você escreve um texto livre, podendo ser poema ou qualquer outro. Já realizei isto com vários outros blogueiros no Luznopapel e como faz tempo que não faço pergunto se gostaria de apreciar um trabalho meu.Peço que fique a vontade e use de sinceridade caso não deseje ok...é só um convite. Caso tenha interesse peço que se comunique no ricardobatista9@hotmail.com para envio da imagem. Grande abraço!

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