07 março 2013

FORÇA E CORAGEM

(James philip Pegg )
                                                

Seu marido saiu de casa, há 14 anos, e nunca mais retornou. Com quatro filhos pequenos e um salário nada confortável, ela se desesperou. Viveu inúmeras das fases provocadas por essa ausência, começando pelo choro, pela procura, pela busca de auxílio policial. Como de costume, seu desamparo não comovia autoridades, que alegavam ter ele desaparecido por vontade própria. Tinha que dar continuidade à vida e o temor de ver os filhos passando fome a levou a atitudes extremas. A empresa à qual prestava serviços distribuía cestas básicas. E ela deu início a uma compra desenfreada das que os colegas recebiam, até que, num relance, percebeu que não havia mais lugar, em sua simples residência, para acomodar mais delas. Precisava de ajuda, admitiu. E buscou o auxílio de um psiquiatra. Apenas algumas consultas, porque não tinha condições financeiras para arcar com esse oneroso tratamento. Certo dia, convocaram-na para comparecer à escola de um dos filhos. Foi informada que ele, antes estudioso, não mais se concentrava nas aulas. Cada vez que um ruído se fazia ouvir do lado de fora, que uma porta era aberta, seus olhinhos ansiosos procuravam algo. Sugeriram que fosse encaminhado a um psicólogo. Fácil entender o que se passava naquela mente infantil : era o pai que chegava.

A dor da perda assola, mas a da ausência inexplicável aterroriza. São muitas as perguntas, a busca de explicações, a falta de um corpo para enterrar, a sensação de que o ente querido vai retornar a qualquer momento.

Ela perdeu o emprego. Multiplicava-se, mas não conseguia realizar todas as tarefas e ver satisfeitas todas as suas necessidades. Após alguns anos, conseguiu, via judicial, a declaração de ausência. Pensou ter mais uma ajuda financeira, a pensão, sendo surpreendida com o fato de que, trabalhando como autônomo, não havia ele recolhido as contribuições previdenciárias.  

Com o tempo, as esperanças esgotaram-se. Passou a trabalhar como faxineira, contando com o beneplácito dos patrões, em eventuais atrasos. Manteve as crianças em escolas públicas e viveu anos de muito sofrimento, não podendo presenteá-los e mal dando conta de sustentá-los. 

Atualmente, ela trabalha para mim. Sorri, brinca , e vez ou outra me pergunta: será que ele ainda vive? Bem no íntimo, não concebo a ideia de um homem abandonar os filhos, dessa maneira. Prefiro pensar que, de fato, algo grave lhe aconteceu. Se um dia voltasse, teria uma grande surpresa. As crianças que ficaram para trás são adultos saudáveis, dois já têm curso superior, ajudam nas despesas, e uma das meninas casou-se e tem uma filha. E ela é responsável por tudo isso. É a MULHER que hoje homenageio, na reabertura de meu blog, pela oportunidade da ocasião.

                                                        Marilene

24 comentários:

  1. Marilene, não conhecia esse seu blog e venho justamente no dia da reabertura? Bacana. Será meu ainda o primeiro comentário. Grande homenagem que vc fez e eu espero que tenha acontecido algo grave com ele mesmo. Caso não tenha, é melhor que não volte nunca mais. Melhor pra ela! Bjs!

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  2. O título descreve essa mulher, que trabalha pra ti!
    A vida muitas vezes não é fácil, mas a coragem tem que ser sempre nossa mais fiel companheira.

    beijos Mari!

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  3. Marilene

    A mulher sabe ser guerrilheira mesmo, saber travar uma luta sem quartel, pelos filhos que gerou. Recomeçaste muito a propósito, mostrando a tua sensibilidade.
    Aproveito a informar que há novo capítulo do TOP SECRET OLAVO.
    Beijos de parabéns e amizade

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  4. Amiga lindo,linda você ,linda ela,lindo ser mulher,ser mãe ser guerreira,mande um beijo a essa mulher exemplo por mim ok? Um beijo enorme pra você!

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  5. Olá, querida!
    Feliz em conhecer mais este seu espaço.
    Que grande força tem esta MULHER com letras maiúsculas.
    Um belo exemplo de garra, coragem e determinação.
    Beijos.

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  6. Oi mana,

    Parabéns pela reabertura do blog. E o fez lindamente, homenageando esta brava guerreira, na oportunidade em que se comemorará o Dia Internacional da Mulher.

    O blog está lindo demais. Adorei o visual.

    Beijão.

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  7. Puxa, que história!
    Justa e merecidíssima homenagem! São essas as verdadeiras MULHERES, as que batalham, que educam, que matam um leão por dia, que dão exemplo!
    Momento lindo ganhei aqui!
    Um super beijo a você, Marilene!
    E meu sempre carinho!
    Feliz dia!

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  8. Bela homenagem a esta heroína, personagem dessa história comovente, muito bem escrita por você.
    Parabéns a você e a todas as mulheres neste dia memorável.
    Abraços.
    João

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  9. Olá,Marilene!!!

    Assim que vi o email, vim correndo!!!!rsrs
    Que bom poder comentar por aqui!!!!!Obrigada,amiga!

    E me deparo com um texto que me levou as lágrimas...um pouco diferente,mas ao mesmo tempo tão igual...foi o que aconteceu com minha mãe...mas no caso dela,até achou bom ele ter sumido, mas se viu com duas meninas pequenas, sem emprego,sem instrução...foram tempos difíceis...até casar novamente, mas nem tudo era perfeito...um amor estranho, brigavam muito, nada agradável crescer no meio da violência doméstica...com um padrasto que implicava com tudo que eu e mana fazíamos...eu como era a mais rebelde(sempre!rsrs) sofria mais, pois não me curvava! Mas contra tudo, nos criou, educou e hoje somos mulheres fortes e decididas! E meu pai...nunca mais vi,quando ele se foi para o Rio de Janeiro eu tinha 5 anos.Em todos estes anos nenhuma notícia.

    Amei seu texto,minha sensível amiga!! Em partes parece que via a minha mãe...o sofrimento pode ter motivos diferentes,mas é sempre o mesmo...e pode ser devastador. Te adoro,viu?! Te admiro muito! Beijos e meu carinho!!!Feliz Dia!!
    E parabéns à todas estas heroínas que educam e criam os filhos sozinhas!

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  10. Amiga Marilene

    FELIZ DIA DA MULHER!...
    Beijos de amizade

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  11. Marilene; vocês, mulheres, nos inspiram e ensinam. Nós, homens; aprendemos com vocês. Me perdoe pela insensibilidade de tantos outros que, lamentavelmente, não conseguem ver a beleza e inspiração divina que a mulher é. Parabéns hoje, amanhã e sempre.

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  12. Aqui estou conhecendo pela primeira vez.

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  13. Essa força e coragem estão presentes em muitas mulheres. E essa homenagem, merecida, linda! Bela história! Parabéns, bom recomeço! chica

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  14. Mari,

    Que texto para calar qualquer desconforto do dia. Ela, assim como várias mulheres já passaram por esse abandono e criaram filhos honestos. Que Deus continue dando força a ela e a todas as mulheres que tem no abandono a definição da vida que se segue.

    Beijos e parabéns pela temática! Amei!

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  15. Bom dia!
    Passando pra me desculpar pela minha ausência, ando bastante ocupada e sem tempo pra responder comentários, mais sempre que puder virei te visitar, tudo bem?
    E tem novos posts:
    http://maybe-i-smiled.blogspot.com.br/
    http://dicionario-feminino.blogspot.com.br/

    Tenha um ótimo fds, fique com Deus

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  16. E que abertura, não?
    Sao historias assim que fazem de muitas mulheres mesmo com suas fragilidades serem grandes guerreiras!

    Bravo Marilene!


    PS:
    Nao sei se você já havia visto a resposta ao seu comentário no post anterior la do "Blog da Lu". Se não, agora da a impressão que lhe deixei para trás... É que eu havia cometido uma tremenda troca de pontuação(não faço ideia o porquê! rs)daquelas que deixa qualquer expressão alterada.

    Beijos

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  17. Ei Marilene,que história,em?Digna de ser contada em homenagem ao dia internacional da mulher!Agora a pergunta:será que somos mesmo o sexo frágil?Um abraço na heroína e em você!

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  18. Mari, somos amazonas de nós mesmas!
    GUERREIRAS E GIGANTES - TUA PERSONAGEM É A MAIS PURA TRADUÇÃO.

    Adorei ver reaberto o blog, estamos aí! rs

    Manda mais. Quero ver a Marilene em prosa, agora!

    bacios

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  19. Consegui entra aqui através do perfil...fiquei sem saber como fazer...
    Gostei desta bela homenagem, mulher corajosa essa!
    bjs

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  20. Olá!
    Querida Marilene
    ...não tenho dúvidas que no cenário histórico a mulher foi e continua sendo um exemplo de guerreira, muitas vezes esquecida, excluída, sem vez e voz.A sua homenageada, mesmo diante de uma ausência inexplicável, é uma autêntica batalhadora. Mãe, com filhos criados com determinação e com os quais passou por momentos angustiantes, mas não desistiu da batalha!...lindo e emocionante texto!
    Bom domingo
    Beijos

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  21. amiga espero que siga sempre com o blog, adorei conhecê-lo.. linda história, uma mulher sofrida que lutou muito na vida e agora colhe os frutos e a alegria desta luta.. não consigo entender como certos homens viram a página da sua vida e deixam a família no passado, mas infelizmente acontece.. fico muito feliz pelo "final" desta história ter sido bom.. espero que vc tenha tido um dia da mulher muito bom.. beijos mil e ótimo domingo..

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  22. Só as mulheres têm uma força assim.
    Uma bela homenagem, Marilene!

    Beijo :)

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  23. Interessante, Marilene, seus pensamentos em um outro formato...é claro que já fiquei por aqui e voltarei. Um abraço!

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  24. MARILENE, a gente tem mil justificativas hipócritas para a situação dessa mulher. Consegue citar leis e teorizar de diversos modos. Se colocando no lugar dela e passando pelo que passou e passa, se não houvesse um Deus todo poderoso para ajudar a segurar essa barra, qualquer um ficaria pirado. É muita carga para uma só cabeça.

    Parabéns pela reabertura gloriosa desse seu cantinho. Eu sempre fui fã daqui e consequentemente seu fã.

    Bjs
    Manoel

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