05 dezembro 2011

NOSSOS MONSTROS


                                                            
Estive me lembrando, hoje, de um amigo que, há algum tempo, não vejo. É um especialista, no campo da psicologia, e ministra cursos em empresas sobre matéria comportamental. Estimula, orienta, desenvolve um excelente trabalho. Quem assiste uma de suas palestras o vê como um homem sábio, experiente, imaginando-o tranquilo e realizado em sua vida pessoal.

Ledo engano! Depois de cinco casamentos e tendo sete filhos, convive com uma insegurança emocional que não o deixa gozar a vida com a necessária paz. É ótimo pai, para todos , indistintamente. Digo isso porque procura uni-los, independente de ter conhecido dois deles, já na adolescência, eis que nasceram de relacionamentos inconsequentes e as mães desejaram a maternidade e dispensaram a presença paterna. O encontro só se deu porque chegou o momento em que esses filhos optaram por conhecer o pai.

Certa vez, encontrando-o deprimido, quis saber a razão e me informou ter passado a noite conversando com seus monstros. Disse que , no quarto escuro, chamou todos eles, na busca de uma visão mais abrangente de sua realidade.  Mas você já tem maturidade, tem formação profissional para se entender melhor, e ainda alimenta monstros, questionei. Muitos, me respondeu. E os alimentei durante tanto tempo que ficaram mais fortes que eu.

                                                                  
Acredito que todos nós fazemos isso, ao jogarmos a poeira para debaixo do tapete, ao não confrontarmos um oponente, ao fugirmos de situações que não poderiam ficar insolúveis, ao nos calarmos diante do que nos desagrada, ao mantermos relacionamentos insatisfatórios, ao exercermos uma profissão que nos faz infeliz... e por aí vai.  Chega, porém, o dia da cobrança. E ela é feita por nós mesmos. O problema é que, ao adiarmos tantas decisões, amarguramos o descontentamento e nos tornamos, cada vez mais, pessoas desequilibradas. Não no sentido exato da palavra, mas na insegurança que retem  o grito na garganta, trazendo insônia e constante sensação de infelicidade.

(Imagens retiradas da internet. Se, inadvertidamente, estiver a ferir direitos, solicito seja avisada, para imediata regularização)

18 comentários:

  1. Marilene querida

    E o que me deixa inquieta é que nós criamos os monstros. Não os outros.
    E muitas vezes os alimentamos com comida na boca!
    Um beijo

    Lucia

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  2. Muitas vezes fugimos do sofrimento, postergando fases que naturalmente já estariam vazias. Penso, que acolher o sofrimento é um bom passo para o seu término.É minha insistência diária.
    Beijo, em divina amizade.
    Sonia Guzzi

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  3. MARILENE, muito interessante essa postagem. Mais ou menos ela diz em paralelo, que médico não deveria ficar doente, mas fica.
    O psicólogo não deveria alimentar seus monstros, mas os alimenta.
    Muitas vezes precisamos passar até por alguns distúrbios de comportamento para entendermos que além de resolvermos completamente os nossos problemas (monstros) temos que ser "sinceros" conosco mesmos. Quanta gente com a vida complicada porque mentiu tanto e acabou acostumada. Sua vida passou a ser uma grande mentira. Essa mentira criou uma multidão de monstros e a pessoa acaba por se sentir incapacitada e com o orgulho ferido para resolver tudo isso. Então "toca o alarme físico" e o emocional despenca em síndromes de pânico, depressões, e outros mais.
    É importante não se complicar a vida. É tão simples ser autêntico, não é?
    Muito legal essa postagem.
    Beijo carinhoso.
    Manoel.

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  4. Oi, Marilene. Isso para mim é equivalente a traumas infantis. Mais cedo ou mais tarde vão manifestar-se em nós de forma avassaladora. Seja com nós mesmos, seja através daquilo que vamos provocar de mal estar no meio em que vivermos. Se a pessoa não possuir uma sólida estrutura emocional ou gente por perto que possa amparar (amigos e familia especialmente), o estrago é 100% garantido.rsrs. Ótimo texto para variar. Grande abraço. paz e bem.

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  5. PS: E adorei a vitória sobre o Galo. Acho que nem o mais fanático torcedor (dois dois lados) esperava por aquele absurdo e maravilhoso resultado. hahahha! Abração.

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  6. Mas também cinco casamentos e 7 filhos! Eu já teria me suicidado.rs

    Muito realista(e triste) o último parágrafo.
    Tudo de bom, Marlene!

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  7. Todos nós temos nossos monstros e compete apenas a nós mesmos lidarmos com cada um deles, Não poderemos fugir ou fingir eternamente que eles não existem...

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  8. Olá,Marilene!!

    E criar monstros vira uma caixa de pandora...depois de aberta...
    o bom é tentar enfrentar um por vez...senão...
    Um ótimo texto para refletir, sem querer deixamos acumular pequenas coisas que com o tempo...
    Temos que reciclar!
    Beijos!!!Tudo de bom poetisa!

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  9. Oi Marilene!
    Muito bom seu post!
    O pior de tudo é nos tornarmos pessoas amargas, quase só vegetando por causa destes monstros. Amanhecer e anoitecer tecendo angustias não é viver, é muito triste...
    Beijinhos e tudo de bom!

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  10. Marilene, esse exemplo de seu amigo é bem adequado para entendermos o quanto podemos nos tornar impotentes diante dos nossos dramas e dilemas. Precisamos ser mais fortes que nossos problemas, por mais complexos que sejam. Do contrário, estaremos alimentando pequenos monstros dentro de nós e que certamente nos destruirão na primeira oportunidade que tiverem. Um beijo no seu coração.

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  11. OI MANA,
    E é psicólogo, hein? Por princípio, um profissional do ramo deveria ser capaz de lidar e enfrentar os seus próprios monstros, ou, pelo menos, saber não alimentá-los.
    Gostei muito do comentário da Sônia Guzzi e o endosso na íntegra.
    Nosso cuidado diário deveria ser no sentido de não dar espaço a esses monstrinhos.
    Beijos.

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  12. Olá, Marilene
    O seu amigo, pelo facto de ser psicólogo, não deixa de ter os seus problemas.
    É o mesmo que os médicos ficarem doentes :)
    Parece que não deviam, não é? Afinal eles têm que ser médicos, não doentes...
    Mas assim acontece com todos nós. Por vezes criamos verdadeiros monstros que guardamos bem fundo... até que um dia eles mostram as garras, e temos mesmo que os enfrentar.
    Gostei de sua reflexão.

    Boa semana. Beijinhos

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  13. realmente alimentamos monstros sem percebemos! eu tb ja alimentei um monte, mas estou tentando faze-los morrer de fome! hehehe
    bjs

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  14. OLÁ AMIGA ÓTIMO TEXTO TODOS TEMOS QUE SABER COMO DESTRUIR TODOS OS MONSTROS DE NOSSA VIDA É COM A VERDADE, ENFRENTANDO TODOS COM SINCERIDADE SEM DEIXAR PRA DEPOIS, NÃO TEMER , E SER BEM FRANCO SEMPRE SEM RECUAR. ABRAÇO AMIGA

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  15. OLÁ AMIGA ÓTIMO TEXTO TODOS TEMOS QUE SABER COMO DESTRUIR TODOS OS MONSTROS DE NOSSA VIDA É COM A VERDADE, ENFRENTANDO TODOS COM SINCERIDADE SEM DEIXAR PRA DEPOIS, NÃO TEMER , E SER BEM FRANCO SEMPRE SEM RECUAR. ABRAÇO AMIGA

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  16. ...E muitas vezes temos uma vergonha enorme desses monstros...


    Maariii, faz tanto tempo que não venho aqui, você continua certeira em suas textos mega sábios!
    Bjoos!

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  17. Estou visitando!
    Adorei chegar aqui e encontrar belos textos. Estamos precisando de belos textos para se apreciar através das palavras as formas de sentimentos. Devo ressaltar que não queremos demostrar os nossos ocultos sentimentos para não acontecer os enfrentamentos. No entanto quando bem colocados se tornam gostoso de ler.
    Um grande beijo.

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  18. Acredite, neste momento procura alguma frase que falasse de monstros, para descrever o que estou sentindo, mas sem ser direta e ao mesmo tempo desabafar, e me deparei com o seu blog, me vi atráves do desabafo do seu amigo.

    Me senti até mais aliviada, obrigada.

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