12 novembro 2011

MUNDO MODERNO

                                                                                     
Há algum tempo, a procura da felicidade estava voltada para o lado sentimental. Jovens sonhavam com o casamento, família, filhos. Pais esperavam que as filhas encontrassem bons maridos e alimentavam a expectativa de se dedicarem aos netos, após a aposentadoria. Para os filhos, almejavam bons empregos e segurança financeira. Não sei se as pessoas mudaram seus sonhos em razão das transformações pelas quais o mundo passou ou se foram essas transformações as responsáveis pelo fundamento que hoje encontram para a busca da felicidade. Nos tempos atuais, o sentimento é colocado de lado, já que, em primeiro plano, está a sede de poder. Corre-se, corre-se, corre-se para alcançá-lo, para colecionar bens materiais, para "ter", o verbo mais conjugado da atualidade.

Tudo tem um preço. A harmonia, as amizades, o amor ... são portos seguros. São os lastros que fortificam e  ajudam o homem a vencer seus desafios. E os olhos voltados para o sucesso, para as conquistas, não se satisfazem. Há sempre mais para alcançar. Daí, as grandes frustrações do mundo moderno, a sensação de incapacidade diante da derrota, as doenças e, principalmente, a depressão.  Psicólogos e psiquiatras nunca tiveram tantos clientes. É ali, entre as paredes dos consultórios, que os aparentemente fortes desabam e buscam auxílio. 

                                                                  
Os profissionais dessa área afirmam que a ansiedade, a pressa, a "necessidade" que o ser humano vem apresentando no sentido de conseguir, cada vez mais, obter vantagens financeiras e profissionais, o tem levado ao estresse, caminho rápido para a depressão. E podemos constatar isso, sem qualquer pesquisa, conversando com amigos, colegas de trabalho  e até familiares.  Não há reunião de amigos para "jogar conversa fora", pois quando se encontram, fazem do momento uma continuação do ambiente de trabalho. Se a reunião é familiar, tanto homens quanto mulheres estão a reclamar da vida corrida, da falta de tempo, de necessidades que não conseguem satisfazer. As expectativas estão cada vez mais altas e isso só traz frustrações e desenganos.

                                                                 
Muitas vezes, são utilizadas justificativas frágeis para esse tipo de comportamento. Está cada vez maior a falta de união, de momentos de aconchego, de confiabilidade, de entrega, de dedicação. Pais se culpam e filhos se ressentem. Costumo pensar que estamos invertendo valores, há algum tempo, e jogando fora a felicidade que existe no compartilhamento de nossos preciosos sentimentos. E neles está a cura para muitos dos males que têm assolado a humanidade. O homem nunca aceitou ser trocado por máquinas, por robôs. Mas refletindo sobre a vida e os relacionamentos, me pergunto: em que estamos nos transformando?

(Imagens retiradas da internet. Na hipótese de, inadvertidamente, estar a ferir direitos, solicito seja avisada, para imediata regularização)

17 comentários:

  1. Oi, Marilene! Que prazer renovado eu sinto cada vez que eu venho aqui!

    Eu , outro dia, estava conversando sobre esses assuntos com uma irmã e cheguei a sugerir no nosso papo que o SUS incluísse tratamento psicanalítico no quadro de atendimentos pois eu acho que reduziria muito os gastos do governos com atendimentos . Esses, muitas vezes são somatizações de estados de ansiedade, angústia e depressão por conta de todas essas causas que você aqui cita e são tratados como doenças comuns do corpo. Mas isso é uma longa história. Seu tema é tão bom e amplo que daria para ficar comentando aqui o dia inteiro. Um grande abraço. Paz e bem.

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  2. Marilene querida,

    Como é bom ler o que escreve!
    Sempre com muita sabedoria e pés no chão.
    Sabe uma coisa que tem me chamado atenção? Muitas pessoas começam a fazer um período sabastíco em buscar de se reencontrarem.
    Mais do que necessário, é preciso.
    Beijo carinhoso

    Lucia

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  3. Marilene

    A felicidade nunca se conjuga com bens materiais. A robotização, o avanço da tecnologia, se bem entendidos, precisam sempre da mão humana. Terão o fim de ajudar o homem, tornando-a menos agreste.
    A felicidade nunca se encontrará nos consultórios de psicologia. Sim dentro de nós mesmo.
    Beijos

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  4. Marilene voce disse tudo! :) E falou muito bem! Amei o texto! Você tem uma visão da vida admirável!

    O mundo está como está, pq o poder subiu à cabeça, as pessoas querem ter, possuir cada vez mais, e se stressam em busca disso. Se esquecem que têm um coração que precisa de gente, de cuidado, de carinho, de amor, de partilha e compartilhar é o melhor da vida. Principalmente estar junto de quem amamos.
    Vivemos uma época de valores invertidos mesmo, é um querer mais que nunca satisfaz e as pessoas se fadigam com isso. Quando ser feliz é tão simples.

    Beijos

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  5. Hola, Marilene: llevas razón, ¿en qué a veces nos convertimos? un buen texto
    saludos blogueros

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  6. Eu creio que a base para toda essa ansiedade que leva à depressão está na falta de fé! As pessoas não precisam de ter uma religião necessariamente, mas ter fé! Crer em poder superior. A falta de fé nos deixa muito frágeis...

    Beijão e bom findis!!!

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  7. Oie lindona.

    Bom dia!!

    Marilene querida, texto de uma visão perfeita de como tá o ser humano hoje em dia.
    Os dias parecem estar mais curto, e a semana e o mes e até o ano passa numa velocidade que as pessoas não tem mais tempo a se dedicar a viver.
    As expectativas de uma vida melhor faz com que eles invertam valores, o pensamento é ter em vez de ser e daí acontece as frustrações.
    Um dia desse tava lendo um texto de um medico que atende pacientes terminais e ele falou que "Ser humano nenhum na hora da morte fala, ahh dr quero viver, porque tenho um grande emprego, ou tenho uma casa linda, ou um carro ..., que todos falam por favor dr me salva, eu não quero morrer, eu me sacrifiquei tanto e quero viver pra poder aproveitar a minha vida, ficar com os que eu amo."
    Pena que a maioria não tenha essa consciência enquanto ainda tem saúde e vida pra viver.
    Vejo por aí, apesar que aqui em casa sempre tento fazer diferente, casais e até mesmo familias que as pessoas não conversam, chegam em casa, tomam banho, jantam e metem a cara na Tv, no pc ou vão dormir e isso durante toda a semana, eu fui criada de outra forma e acho que tudo vem daí, de uns tempos pra cá, as pessoas estão perdendo a sua sensibilidade, tão se embrutecendo, não são mais capazes de delicadezas, estão todas voltadas pros seus próprios umbigos.
    Que pena.


    Ixe que vai ficar um jornal isso rsss

    Beijos lindona, ótimo sábado.

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  8. É Mari, "em que estamos nos transformando?" Como você disse, passamos muito tempo lutando para não sermos substituidos por máquinas, e não é que alguns de nós nos transformamos nelas?

    Falam nessa tal EVOLUÇÃO. Mas evoluir não seria transformar algo bom em algo melhor ainda? crescer? O tempo passa, mas não evolui. Nós envelhecemos, mas não evoluimos. As máquinas sim, cada vez mais autonomas.

    E a família, cada vez mais mecanica. Nosso valores cada vez mais enferrujados. Precisamos de oléo, mas onde encontrá-lo?

    Como sempre querida, seus textos nos fazer abrir uma janela para uma valiosa reflexão!
    Senti saudades, mas estou voltando tá?

    bjs

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  9. Marilene, como sempre os seus textos é um belo convite ao pensar e esse não é diferente. Compartilho com tudo que disse em todas as linhas desse texto, que de maneira inteligente nos convida a reflexão. Belíssimo artigo. Um beijo no seu coração.

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  10. Minha amiga do core, eu tenho cá pra mim, ao menos na minha verdade é que hoje as pessoas dão nome de amor a relações que não tem realmente esse sentimento tão lindo e puro. Amor pra mim é incondicional. Acho que tem pessoas por aí que não despertaram ainda, dão valor ao que não é pra ser dado e esquecem o quanto coisas simples podem fazer feliz, o quanto viver o aqui e agora traz paz.

    Amo vc Mari!! beijokitas com muito carinho :)

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  11. OLÁ MANA,
    Creio que esta busca desenfreada pelo TER acaba tirando as pessoas de foco principal, que é o SER.
    Por mais que abarrotemos os consultórios médicos
    procurando alívio para alguns males físicos e emocionais, não é lá que encontraremos a CURA, mas apenas o ALÍVIO.
    Precisamos nos conscientizar de que somente encontraremos paz e felicidade a partir do nosso mundo interior e não exterior.
    Essa luta e correria constante nos afasta dos momentos mais preciosos da vida, que são aqueles
    que passamos com nossos entes queridos, nossos
    amigos, conosco mesmo e com a espiritualidade.
    Excelente texto!
    Beijos.

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  12. Texto atualíssimo e necessário aos dias de hoje. Parabéns. Bjo.

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  13. Nossa Mari,,,como concordo com você!!!
    Tantas doenças e problemas psicológicos poderiam ser evitados se o lado emocional estivesse sendo mais alimentado. O que um carinho não pode curar!!
    Através de amores, amigos, família....hábitos que foram meio esquecidos...
    Nossa...como disse o Cacá, assunto para um dia inteiro...rs!!!!
    Desculpe o sumiço,amiga!!!
    Beijocas!!

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  14. Você é uma foooofa mesmo!!!! Comentou em todos os post atrasados!!!!!
    Adoreeeeei...rs!!!
    Beijocas!!!

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  15. concordo com vc! nunca e foi tanto ao psicologo e psiquiatra! uma pena que valores familiares estao se perdendo!
    bjs

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  16. Gostei do teu ponto de vista, que revela uma visão bastante clara da sociedade actual. Esta tua "crónica", poderia ser publicada numa coluna social de qualquer boa revista.
    Beijos, querida amiga.

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