Sempre considerei inadequado o procedimento de quem "pede um tempo" em uma relação afetiva. Não somos donos do tempo. Podemos compartilhá-lo, não doá-lo, no sentido desse meu pensamento. Doamos tempo para estar com crianças necessitadas, com idosos, para um trabalho extra... mas não para uma pessoa amada. Pedir tempo é um ato de egoísmo, é querer se garantir caso outros caminhos venham a machucar. Quem quer tempo, deve se afastar mesmo, correr atrás de seus ideais, libertar-se do carinho que recebe mas que vê como algema. Quem quer tempo quer viver sem a presença do outro, quer arriscar , mas com uma garantia. Não existem garantias no amor, nem quando todo o tempo é partilhado. Afastamentos são para dois. Ambos podem se libertar dos laços e partir para estradas diferentes. Ninguém deve "conceder tempo" para o outro viver e ficar em uma espera angustiante, sem propósito e sem definição.
O tempo é deveras precioso. Não se pode deixar de usufruir dele para momentos de prazer, tão somente porque o outro está indeciso. Não existem separações provisórias, salvo as decorrentes de necessidades profissionais, familiares, de saúde. E estas não correspondem àquele pedido de ausência. Concedê-lo é demonstração de carência e fragilidade. Se, ao ouvir um pedido desses, a pessoa disser que o outro tem todo o tempo do mundo para se encontrar , que pode ir, que pode procurar o que lhe falta, certamente o outro não se sentirá seguro. Talvez, com a liberdade total concedida, não saiba fazer uso dela e perceba que seu lugar é ali mesmo. O coração pode ficar apertado, mas não podemos usar de meios escusos para prender alguém. A infelicidade é contagiante. Não conseguimos prazer com alguém que não o sente.
Havemos que pensar que, nem sempre, o que desejamos é o que nos fará bem. A motivação pode estar delineada de forma incorreta. Quem quer tempo, não deseja estar conosco. Precisa respirar outros ares. E talvez, também nós estejamos necessitando desses outros ares, sem perceber.
Não vamos viver essa ausência consentida nos lamentando e escondendo. Há muito para se ver, para se conhecer. Há outras pessoas desejando uma atenção e um afeto como o que estamos a oferecer. Se isso acontecer, libertemos o outro e estaremos nos dando uma grande oportunidade, a de nos conhecermos melhor, de ficarmos bem apenas conosco e também, a de encontrarmos alguém para quem o tempo ao nosso lado é precioso e indispensável.
Boa noite, querida amiga Marilene.
ResponderExcluirAdorei esse texto. Acho também, que quando alguém pede "tempo", está mesmo é querendo deixar o outro debaixo do tapete, como uma reserva, caso as suas aventuras lá fora, não sejam satisfatórias.
É uma atitude egoísta e covarde.
Um grande abraço.
(Muito obrigada pela honra da sua visita, e pelo lindo comentário)
Tenha um lindo fim de semana, com a paz de Cristo.
Concordo. Acredito que "vamos dar um tempo"é desculpa esfarrapada de quem nao tem coragem de dizer adeus.
ResponderExcluirCom certeza. Quem pede tempo não está convicto da relação e o melhor mesmo é a libertação definitiva. Como diz a Cléo, é desculpa para quem
ResponderExcluirnão tem coragem de por fim ao relacionamento.
Bj.
Minha querida,
ResponderExcluirfiquei muito feliz com a sua visita e seu carinhoso comentário, muito obrigada!
Deixo um carinhoso abraco e votos de um lindo final de semana!
bjs
Bom dia!
ResponderExcluirVerdade! Não existe nada morno. Prefiro o quente ou o gelado do ponto final, nesse caso.
Bem-vinda ao meu blog!!
Carla
Também quero "um tempo"
ResponderExcluirtodo tempo do mundo,
mas o tempo não se encontra facilmente,
não é vendido nos supermercados,
no mercado negro.
É mesmo um balde de água fria esta conversa de dar um tempo. Concordo!
ResponderExcluirBoa tarde!
Beijos