19 maio 2011

ATITUDE E JUSTIÇA


                                                          
Alguns temas possibilitam fácil dissertação. São leves e descomprometedores. Outros, que merecem atenção especial, são vistos com cautela indevida e nem sempre provocam manifestações. Há o medo de se mostrar, de demonstrar uma opinião. Se em um simples dizer o que se pensa encontramos dificuldades, maiores empecílhos vamos ter no momento de hastear uma bandeira.
Todos os dias tomamos ciência de fatos lamentáveis. Eles nos sensibilizam e fica por isso mesmo. Estamos na época de muito se falar a respeito dos direitos de crianças, adolescentes... e porque não adultos, vítimas de violências sexuais. O tema é complexo???? Não. É verdadeiro??? Sim. Mas há um silêncio que pode até ser interpretado como conivente, quando sabemos bem o que acontece na casa de um vizinho, de um amigo, de um conhecido, mas permanecemos silentes para evitar um enfrentamento pessoal, para esconder o medo, para, como dizem alguns, não nos metermos em assuntos que não nos dizem respeito.
                                                                     
                                                                                    
Já temos muitas datas comemorativas. É certo que, em todos os dias do ano, os contemplados por elas merecem homenagens. Mas até entendo que a instituição de uma data específica possibilita que façamos aos  contemplados uma homenagem especial. É como um rito. E em todos os anos se faz a mesma coisa. Algumas dessas datas são a alegria do comércio, como dia das mães, dos namorados, dos pais... e outras.

Mas há datas que exigem conscientização. E nenhuma passeata ou protesto vai modificar a lamentável situação daqueles tidos como "homenageados".  Todos se lembram dos fatos envolvidos e depois logo continuam suas vidas. O problema não é nosso.  Ledo engano! É tão nosso que, inesperadamente, pode bater à nossa porta e ser encontrado dentro de nossas casas.  A homofobia, o preconceito, o desrespeito aos idosos, a proteção de crianças e adolescentes contra o assédio e sua dignidade no campo sexual.

                                                                       
                                                                                     
Há decisões que são justas e não legais. E outras que, ambora legais, não são justas. Disso todos sabemos. Mas até onde vai nossa responsabilidade? O exercício do direito há que estar dentro das normas estabelecidas. Podemos culpar a justiça por não fazer justiça. Mas também os juízes e tribunais são subordinados a essas leis e nada podem fazer quando ficou prejudicada a instrução probatória.

A omissão é um grande dificultador da justiça, além do suborno, da intimidação, do medo de exposição. Podemos ver que, em casos de abuso sexual, só depois que uma das vítimas se levanta é que outras têm coragem para se manifestar. E nesse interregno de tempo, muitas pessoas sofreram por um crime que já poderia ter sido evitado.

Atitude é uma palavra bonita. Utilizá-la envolve outros aspectos mais sombrios. vai depender da situação. E é por isso que as pessoas mais conscientes carregam culpas ou merecem um tratamento discriminador. Todas as grandes mudanças havidas na legislação e no mundo tiveram como origem esses "loucos" que ousaram se levantar contra posições arcaicas, sem se preocupar com a própria segurança. Quem dera houvesse mais loucos nesse país e nos demais. Caras pintadas na praça sempre me pareceram ato encomendado a esconder objetivos políticos escusos. Aliás, já está demonstrado na história (escrita pelos vencedores), que políticos pensam de acordo com o lado em que estão e defendem, em primeiro lugar, sua posição e seus interesses. Sabemos disso. E que atitude tomamos?
                                                               

Sabemos que alguém está sendo injustiçado no emprego, em uma discussão, nas salas de aula... e que atitude tomamos?

Sabemos que uma profissional está sofrendo assédio na empresa,  que uma criança está sofrende por maus tratos, que alguém está sendo prejudicado até por nossos próprios interesses... e que atitude tomamos?

Poderia ficar aqui a discorrer sobre o tema como se estivesse a defender uma tese. Mas tudo inútil, se não houver uma mudança comportamental. Todos nós (e me incluo), devemos aprender o que é atitude. Refletir mais sobre o que ocorre a nossa volta. Perder o medo de se fazer ouvir. Só por esse caminho poderemos conseguir viver em um mundo melhor, com maior segurança para os filhos e para os expostos a todo tipo de sofrimento injusto e desnecessário.


5 comentários:

  1. Com certeza Marilene.. há muitas coisas que nos deixam indignadas.. porém de nada adiantará nos sentirmos assim se não tomarmos uma postura diante dos acontecimentos. Agir é a nossa melhor contribuição.

    Uma super beijoca em seu coração...
    Verinha

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  2. Olá Mari,

    Suas idéias me reforçam a crença de que viver é comprometer-se ! De nada adianta sabermos dos fatos se de alguma forma não nos posicionarmos diante deles. Uma linda sexta feira para você ! Abraço,com carinho, Fabiola.

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  3. .

    Aqui é aonde a sua alma mora, pelo
    menos é assim que eu vejo todos os
    diários.
    Um diário é uma casa ao pé da
    montanha aonde se chora as
    tristezas ou com a natureza se reza
    a Deus.
    Eu acho, portanto, que não deveria
    pôr aqui a minha assinatura. Eu não
    deveria saber de suas intimidades,
    mesmo que isso me desse o prazer e a
    força que me dão.

    Beijos,

    silvioafonso
    Cada vez mais fora de si.






    .

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  4. MARILENE,
    ATITUDE É TUDO.
    MAS, CONFORME VOCÊ SALIENTOU, PROTESTAMOS EM CASA, NO SOFÁ DA SALA, AO TOMARMOS CIÊNCIA DOS FATOS ATRAVÉS DA TV. OU PROTESTAMOS COM OS AMIGOS.
    FICA NISSO. TEMOS QUE TER CORAGEM DE LEVANTAR A BANDEIRA.
    BEIJO.

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  5. Olá Marilene! Sou uma "destes loucos" que compram brigas alheias, por conta dissomuitas vezes não sou compreendida, não sou bem interpretada, e consequentemente bem vista.
    Adorei o seu post, mais uma vez super pertinente, me despertou a idéia de discorrer sobre este meu lado altruísta.
    Farei um post no meu blog contando, porque senão vou transformar este comentário num post.
    Gd. Bj.

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