15 abril 2011

SUGADORES DE ENERGIA


                                                                  
Existem algumas pessoas que não gostamos de encontrar. Coloco no plural porque acredito que isso aconteça com todos, em determinado momento. Quando as vemos, dá vontade de trocar de calçada, entrar na primeira porta que avistarmos, passar fingindo que não as vimos. Sei que é triste dizer isso e não o menciono por falta de solidariedade. É que essas pessoas não podem ouvir a delicada pergunta "como vai?" que derramam sobre nós uma carga tão intensa de insatisfações, doenças, contrariedades... , fazem sua terapia deixando em nossos ombros uma carga pesada, uma áura escura. São os negativistas. Se ganharem na loteria vão dizer que estão infelizes, assim mesmo. Se gozam de boa saúde, vão encontrar um mal imaginário para contar. Para elas é como se os demais só lhes dessem  atenção se ficassem infelizes. E vão distribuindo, com prazer, essa tristeza infindável, fazendo com que nos sintamos culpados por não nos colocarmos da mesma forma.

Minha mãe sempre foi assim. Nunca a ouvi dizer que estava  bem. Hoje, com 84 anos, tudo é perdoado, mas esse hábito de reclamar ela aprendeu cedo. Era sua forma de nos chantagear, de nos manter perto. E, ainda nos tempos atuais, com todos os filhos adultos, não mudou sua forma de conduta. Está morando comigo e, se ignoro alguma reclamação sua, liga, imediatamente, para uma de minhas irmãs para desabafar problemas imaginários e deixá-la preocupada. Ela não aceita que sua máquina corporal, com o passar dos tempos, foi se desgastando. Se o cabelo cai, quer ir ao dermatologista. Se sofre uma pequena queda, quer ir, imediatamente, ao ortopedista. Se tossir, já imagina estar com uma pneumonia. E aí por diante. Um médico meu amigo disse que o pai dele também era assim. Sua formação? Também médico. Mas criava doenças imaginárias e deixava a família louca de preocupação.
                                                                          
                                                                                                                                                                
Essa é uma forma triste de chamar a atenção. Passamos a não dar importância a certas reclamações. E junto a pessoas que assim agem, somos explorados emocionalmente. Aliás, já li, certa vez, que pessoas negativas usurpam a energia das pessoas que encontram ou com quem convivem. São até chamadas de vampiros.

Isso não acontece apenas com quem já tem uma idade considerada avançada. Há jovens que, desde cedo, reclamam de tudo e de todos. São eternas vítimas. E ninguém gosta de estar ao lado desse tipo de vítima. Esses jovens, se não se submeterem, desde cedo, a um tratamento, viverão sem amigos, sem um trabalho satisfatório, serão maus companheiros e maus pais.

Quando entramos, pela primeira vez, na residência de alguém, já podemos sentir se o clima é bom ou não. Algumas nos dão paz, percebemos harmonia mesmo quando existe um real sofrimento. São locais de amor e de perdão.  Não estou querendo dizer que as pessoas devem omitir suas dores, mágoas ou sofrimentos. Para ajudar, mesmo só ouvindo, os seres humanos precisam desabafar uns com os outros.  Não há inconveniente nem falta de oportunidade para darmos atenção a quem sofre, está passando por momentos difíceis, não está conseguindo superar desafios. É justamente nesses momentos que podemos exercitar a caridade e demonstrar a amizade. É a ocasião de marcarmos presença.

                                                                  
Entre nossos amigos e mesmo no trabalho vamos sempre identificar esses vampiros. Ocupam nossas mentes com problemas desnecessários tornando o ambiente pesado e desagradável.

Da mesma forma que temos amigos que nos fazem rir, mesmo na tristeza; que nos dão ânimo, mesmo nas adversidades; temos também aqueles incapazes de se alegrar com a felicidade dos outros e que, em uma reunião, não dão espaço para o bem estar de ninguém, jogando sobre todos, incansavelmente, seus "fracassos, desgostos, desprazeres". Podemos gastar todos os nossos recursos de ajuda, podemos secar infindáveis lágrimas, e nenhuma palavra ou sugestão será tida como bem vinda. Para todas haverá um senão.


                                                               
Por tudo isso eu disse, no início desta postagem, que não gostamos de encontrar certas pessoas.  São elas as únicas responsáveis por sua infelicidade. Tudo está no jeito de ver a vida.  E é preciso bom senso, bom humor, até para avaliar nossos problemas, de forma que não façamos deles o único assunto a discorrer familiar e socialmente. Vamos guardar nossas energias para as boas coisas e tentar perceber que tudo pode ser visto de, ao menos, duas formas, cabendo-nos a faculdade de escolher em qual delas vamos nos fixar.


Um comentário:

  1. EXCELENTE! É TUDO O QUE EU PENSO!
    QUANTO AOS MAIS IDOSOS, CREIO QUE A MAIORIA SE
    TORNA UMA TANTO HIPOCONDRIACA, POIS ACREDITAM NUMA MORTE PRÓXIMA.
    BJ.

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