03 abril 2011

A FOFOCA



A fofoca está definida como o fato de se fazer afirmações sem base concreta, especulando-se sobre a vida alheia. Costumam associá-la às mulheres, mas já foi comprovado, através de pesquisas, que os homens são peritos na "arte" de fofocar. A diferença é que as mulheres admitem que fofocam, como um ato corriqueiro, enquanto os homens a negam e substituem seus comentários pela justificativa de que estão, tão somente, trocando informações necessárias a sua vida profissional, por exemplo. Sabe-se, porém, que os homens falam mais sobre si mesmos e sobre as mulheres, quando estão a fofocar.

Seja qual for a justificativa usada, a fofoca é um meio extremamente perigoso de comunicação. Pode ter graves  consequências. E todos já ficamos cientes, várias vezes, de comportamentos atribuídos a pessoas de vida pública, não correspondentes à realidade, que culminaram por macular sua reputação. Não me refiro a condutas tidas como criminosas, já que, uma vez provada a inconsistência de uma acusação da natureza, o ofendido terá meios legais para buscar uma reparação.

Outro dia li que o hábito de falar sobre a vida alheia é bastante antigo e vem da época das cavernas. Parece incrível. Mas naquela época tinha um objetivo claro, que era conhecer hábitos , talvez como uma forma de sobrevivência. Daí a existência da fofoca na política. E como é utilizada! Uma informação propositadamente equivocada pode alterar a história.

Estive lendo alguns comentários sobre fofoca feminina e não pude deixar de rir. Quanta tolice! Escritos por homens, claro. Um deles faz alusão à ida das mulheres ao banheiro, quando estão em um bar ou restaurante. Certo, as mulheres vão comentar alguma coisa. Mas, necessariamente, não será sobre eles, sobre suas roupas, cabelo, sapatos... como mencionou o autor do artigo. Se elas não se encontraram antes, podem até estar falando de alguma preocupação consigo mesmas, se estão bem, se estão agradando, coisas do gênero.


                                                       
Imagino que a fofoca começa sempre com: você sabia que... Um fato puxa outro e as mulheres podem comentar sobre quem viram, onde estavam, como se vestiam, o que está acontecendo com o filho de "fulana", bem como sobre o que ouviram falar sobre artistas e conhecidos.

A fofoca não deixa de ser perigosa. Dá presunção de veracidade ao que se ouviu dizer, passando à frente acontecimentos que na verdade não ocorreram e que nem possibilitarão "direito de resposta", esclarecimentos, pois os afetados nem saberão de onde veio a informação inverídica.

Não há inconveniente em se manifestar uma opinião sobre alguém, sobre uma atitude, sobre roupas e penteados. Isso não vai machucar ninguém.

Mário Quintana já disse : 

Não te abras com teu amigo 
Que ele um outro amigo tem .
E o amigo do teu amigo
Posui amigos também.

A fofoca pode provocar brigas, desentendimentos com pessoas queridas. E até separações, porque nem todos os indivíduos têm equilíbrio suficiente para ouvir, para buscar a verdade. François de La Rochefoucauld fez uma colocação digna de nota :

Se nós não tivéssemos defeitos, não teríamos tanto prazer em notá-los nos outros.




Se não possuímos nada de bom para falar sobre alguém, melhor ficarmos em silêncio. E mais, não devemos passar para outros o que ouvimos, mesmo que seja fato comprovado. Todos estamos cientes de que, de boca em boca, o acontecimento ganhará tantos detalhes que, se voltar para nós, não o reconheceremos.
                                               


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