01 abril 2011

ESCRITOS DE AMOR


(imagem domínio público)


Ainda existem cartas de amor? Aquelas de papel colorido, com perfume e marcas de batom? Aquelas sobre as quais  Rubem Alves disse:

Cartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel.

Já nem me lembro a última vez que ouvi alguém dizer que escrevera ou precisaria escrever uma carta. A comunicação escrita assumiu outras características. Hoje se manda mensagens por e-mail, celular. Mais rápido e simples, mas também mais impessoais. Curtas e diretas.

Só leio cartas de amor fictícias, originadas da imaginação e postadas em blog. Não que não sejam belas, mas são cartas que nem serão aguardadas com ansiedade, lidas e relidas, colocadas em caixinhas de segredos onde permanecerão através dos anos até serem encontradas, já amareladas, e por estranhos absorvidas com emoção.

Alguns livros antigos e filmes nos mostram a vida de pessoas distantes que se apaixonam sem se conhecer pessoalmente, apenas pelas palavras escritas nas cartas. Essas palavras têm enorme valor, notadamente para pessoas solitárias, que nem possuem alguém para uma troca real.

Já escrevi muitas cartas. Ou para namorados que viviam longe, ou para amigas que não sabiam se comunicar com seus parceiros. Não considerava esse procedimento honesto, como de fato não é, mas elas insistiam tanto e eu não possuía, naquela época, maturidade para dizer não.  Mas há um sério inconveniente nisso. Quando as pessoas não têm intimidade, a carta pode passar uma imagem diversa da real. O destinatário passa a amar uma pessoa diferente daquela que está enviando as cartas.  O mesmo pode ocorrer com correios eletrônicos, mas cartas são mais longas, mais profundas que um e-mail.




Esse filme, NUNCA TE VI SEMPRE TE AMEI, tem como conteúdo as cartas trocadas  entre uma escritora americana e o gerente de uma livraria especializada em edições raras. Ela não poderia imaginar que uma carta enviada para uma pequena livraria em londres, que negociava livros de segunda mão, daria início a uma correspondência afetuosa entre um homem e uma mulher, criando uma amizade especial, que durou 20 (vinte) anos.

Ouve uma época em que as grandes e pequenas decisões eram proferidas por cartas. são peças de museu, hoje em dia. Mas sua leitura nos leva à época em que foram escritas, da mesma forma que nos sentimos ao absorver as palavras de um livro.

Em uma carta de amor, não temos nada se não somos expedidor ou destinatário. Mas se a lermos, "veremos" o amor. Há uma sensibilidade na palavra escrita que nos emociona, nos leva a outros lugares, podemos dar asas à imaginação e, de certa forma, até nos identificarmos com aquele romance.

O tema me faz recordar o filme AS PONTES DE MADISON,  inspirado no livro publicado em 1992 por Robert James Waller. Nele, existe um diário que, por analogia, parece conter cartas de amor. Após o falecimento da personagem principal, seus filhos encontram, em seus guardados, esse diário, e tomam conhecimento de um amor de 4  (quatro) dias vivido intensamente por ela. Um lado da mãe que jamais poderiam imaginar existir. Um amor proibido, mas maduro e encantador.

Muitos homens não gostaram do filme, inclusive meu cunhado, que o considerou, de certa forma, uma apologia à traição. Ficou furioso com o comportamento da personagem, encontrando um grande amor em braços que não pertenciam a seu marido.




Filme lindo, romântico, que nos leva a torcer para que fiquem juntos, o que, na verdade, não acontece. Há momentos de ternura que podem inspirar qualquer relacionamento.
Ainda hoje, seja em prosa ou em verso, sempre ficaremos vulneráveis aos escritos que contêm declarações de amor.

3 comentários:

  1. POSTAGEM BONITA, INTERESSANRE E TRABALHOSA.
    BJS.

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  2. Em tempos de correspondência virtual, será cada vez mais dificil alguem viver uma relaçao como em "Nunca te vi..."

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  3. Janette de Melo Franco3 de maio de 2011 às 22:37

    oi Marilene, esse assunto me fascina. Tenho um com livro com 50 cartas de amor de personagem famosos de nossa história. Se quiser conhecer...
    Mas o que realmente me fascinou foi uma carta de Saint Exuperry `a sua amante casada. uma carta por isso mesmo repleta de simbolos, esse livro infelizmente não tenho, mas no Café com Letras na savassi, uma vez eu vi. Lindo como livro de criança...gostei muito do que escreveu.Beijos

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