05 abril 2011

CRIANÇAS


                                                                

Há quem não goste de crianças, mas constituem uma exceção. Elas são puro ouro,  uma alegria, uma lição de vida. São sensíveis e autênticas. Não sabem o que é policiamento. Podem até ser cruéis, já que dizem o que pensam e sentem. Mas são adoráveis.

Já notei que, quando estamos aborrecidos ou chateados com alguma coisa, a melhor forma de relaxar é passar alguns momentos com as crianças da família.

Minha mãe está com 87 anos e, como é normal, carrega a fragilidade que o tempo impõe. Sabe que não tem condições físicas para ficar com os bisnetos. Mas essa é sua maior alegria. Hoje eu a levei ao apartamento de minha sobrinha. Lá ela fica revigorada. Primeiro, porque essa sobrinha é sua primeira neta e sempre teve por ela uma verdadeira adoração. Depois, porque ela tem dois filhos, um de dois anos e um bebê de três meses. O maior gosta de correr, pular, está com toda a energia da idade e é um perigo para minha mãe. Mas ela não dá importância a isso. Brinca com ele, cai (o que é perigoso para ela), fica com dor no corpo, me deixa preocupada com uma possível fratura, mas só pensa em estar com ele. O bebezinho, não deixamos que ela pegue, só brinque de longe, pois é frágil e ela pode não conseguir mantê-lo no colo, até porque o outro, em razão do natural ciúme, está sempre a impedir que o "troquemos" pelo bebê.  Quando vamos nos despedir, o de dois anos chora e pede que ninguém vá embora. Isso é uma alegria para ela.



(Pedro)

                                                  

(Matheus)

                                                                 

Minha família toda tem loucura por aquelas crianças. Nunca fui mãe, mas sou tia-avó. Um carinho, um beijo recebido, é motivo de comemoração. Tudo é engraçado quando lidamos com crianças. Jogamos fora nossa idade e passamos a ter a deles. Viramos cachorrinho, girafa, qualquer bichinho que cismem em nos transformar. Podemos voltar cansadas para casa, mas risonhas. Crianças fazem um grande bem aos adultos. São uma terapia gratuíta.

Por isso, costumo pensar nas abandonadas. Sei que notícias de sofrimento infringido a crianças causam grande dor a todos que tomam conhecimento do fato. Vendo aqueles rostinhos tristes na televisão, temos vontade de trazer todos para casa.
                                                           
Infelizmente, os processos de adoção são muito demorados no Brasil, o que leva casais a efetuá-las fora das normas legais. Por mais que entenda a legislação e a precupação dos responsáveis por essas decisões, creio que deveriam ser agilizadas.  As matérias publicadas sobre o assunto costumam colocar em foco, como dificultador, o fato de que a maioria dos casais procura por crianças com menos de dois anos e que possuam características físicas semelhantes às suas.  Acredito no fato, mas sabemos que os estrangeiros, quando buscam a adoção,  não têm qualquer preocupação nesse sentido. Para eles, não importa a idade, a cor, a origem. Se houvesse uma abetura maior em nossa legislação, tenho que esses estrangeiros adotariam grande parte das crianças que se encontram em nossos orfanatos.

Houve uma época em que pensei, seriamente, em adotar uma criança. Quando falei sobre o assunto, meus amigos apresentaram tantos argumentos contrários que acabei por acreditar que, trabalhando fora o dia inteiro, poderia não ser a pessoa ideal para criar sozinha uma criança. 
Essa é uma decisão que exige consciência e grande disposição. Comecei a pensar nela e não em mim. E acabei deixando que a idéia amadurecesse mais um pouco.


Mais tarde, quando já fazia planos para me transferir de SP para BH, voltei a pensar no assunto. Aí, encontrei um outro obstáculo. Eu me relacionava com um médico e ele era totalmente contra. Cada vez que o assunto surgia ele citava exemplos de crianças adotadas que causaram grande desgosto aos pais. Era extremamente radical e nunca concordei com seu posicionamento. Existem também filhos que criam dificuldades aos pais, desviam-se do caminho por onde foram conduzidos e seus genitores ficam sem saber em que momento se deu o rompimento. É fácil, para quem está do lado de fora, fazer conjecturas, apontar falhas e muitas outras justificativas para isso. Na verdade, porém, somos todos humanos e os pais são imbuídos das melhores intenções. Somos sujeitos a falhas. Infelizmente, e estou me referindo aos bons pais, todas as suas tentativas podem resultar infrutíferas.


Não tenho mais  idade para adotar uma criança. A adoção deve ser feita por quem pode educá-la, acompanhar seu desenvolvimento e orientá-la em grande parte de sua vida. Mas sou totalmente favorável a ela. Quantos casais, por problemas físicos que a medicina não tem como resolver, convivem com a frustração de não ter filhos. E por medo de adotar. Mas se já é impossível não amar uma criança qualquer, casais que adotam jamais deixariam de dedicar ao  filho adotivo um sentimento louvável. Aliás, a maioria deles até se esquece de que não têm filhos legítimos. Se necessário, podem buscar amparo profissional, antes e durante a adoção, para que se possam  movimentar confiantes nesse caminho desconhecido.  


                                                                                                       

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