21 março 2011

UM SONHO FEMININO




Vivemos colocando nossas prioridades na balança, a fim de que possamos conciliá-las e não deixar nada por fazer. Há o trabalho, a casa, os filhos e os desafios diários que aparecem sem avisar. Nesse  momento, creio que todas alimentamos um sonho diferente : ter um "faz tudo" à mão. Poderia ser homem ou mulher e de preferência, um robô, desde que nos socorresse com presteza. Uma amiga costuma brincar que precisa de um marido de aluguel. Não diz isso por insatisfação com seu companheiro, mas porque ele não tem condições ou não deseja realizar algumas atividades que nos enlouquecem.

No momento de trocar uma ciança, à noite, a lâmpada queima. Do nada, a máquina de lavar resolve soltar a água e inundar toda a área de serviço. O abajour cisma de não funcionar. O computador resolve entrar em greve por motivo de vírus, problemas com sistema, não reconhecimento de um opcional.  A televisão, repentinamente, não apresenta imagem satisfatória. A conexão está caindo. A empregada não veio trabalhar. O carro não quer pegar. E por aí vai... A atividade profissional não pode esperar, nem as outras questões que aguardam nossa intercessão.

E onde está o marido? o companheiro? O amante? O namorado? Todos ocupados, cansados. A sugestão deles: ligue para o bombeiro, para o mecânico, para o eletricista. E complementam: você sabe que pode contar comigo, mas não entendo dessas coisas.


                                                            
E onde estamos nós?  Malucas, procurando a solução. Nessas horas, seria maravilhoso ter um "faz tudo", pronto para nos atender , seja dia ou noite, e  sem reclamar que estamos atrasadas, que o chuveiro não funciona, que não encontra a camisa azul, o chinelo, o roupão, ou que a toalha não está no banheiro (isso, depois que já está debaixo da água). Chamamos por todos os santos de nossa devoção e temos a sensação de que o mundo não é generoso conosco, pois mesmo quando conseguimos subir na escada para trocar a lâmpada queimada, levar o carro ao mecânico, trazer o prestador de serviços que está atarefadíssimo para nos atender, ainda temos que estar descansadas e bem dispostas para receber o "amado", para ouvir os filhos, para cumprir as tarefas do trabalho sem jogar sobre chefes , colegas ou clientes o nosso mal estar.

Hoje me senti assim. Pensando em tudo que devia fazer, peguei a bolsa e desci apressada para a garagem. Ai! Ai! Ai! O carro não funcionou. É novo e tem só 1800 km rodados. Tudo na garantia. Sem ter meu "faz tudo", liguei para o serviço 24 horas, para o Serviço de Atendimento ao Consumidor do fabricante e, tendo mesmo que aguardar a chegada do socorro, liguei o computador.  Que ironia!  Na tela negra, mensagem de detecção de erro que impedia seu funcionamento. Com os cabelos já em pé, desliguei o mesmo na tomada e tentei reiniciá-lo, o que, felizmente, deu certo. Quando comecei a ler minhas mensagens, chegou o socorro. Deram uma carga na bateria e pediram que ficasse com o carro ligado por uns vinte minutos, de forma a prevenir que o incidente não voltasse a ocorrer,  quando estacionasse em outro lugar.

Carro novo, problema com bateria... Fui direto para a concessionária e exigi que fizessem sua troca. Não ia ficar exposta a esse risco tendo um veículo recém adquirido, caro e com todas as peças na garantia. Como já havia mantido contado prévio com a fábrica, em São Paulo, detalhando o problema e deixando claro que estava furiosa, me indicaram  a pessoa com quem deveria falar na concessionária, à qual  fiz uma reclamação veemente,  conseguindo meu objetivo. Mas perdi o dia. Tinha que voltar para casa porque minha auxiliar doméstica estava esperando o dinheiro da condução, que pago na segunda-feira. Entrando na garagem, percebi que o sensor de estacionamento estava apagado. E aí pensei: Cadê meu "faz tudo"? Não dava tempo para retornar e amanhã tenho um trabalho a mais, levar o carro, outra vez, à concessionária, para repararem o sensor, provavelmente desligado com a queda da bateria.


Nós, mulheres, ficamos como a figura de minha postagem, ligadas o tempo todo e em todos os nossos mundos, que não são poucos. Trabalhamos, realizamos controle de nossas atividades domésticas, nos inteiramos do que está acontecendo ao nosso redor, no bairro, na cidade, no mundo. E ainda temos que fazer serviços de bombeiros, eletricistas, encanadores... digo fazer porque se não escolhermos bem esses profissionais e se não acompanharmos, de perto, seu trabalho, ainda corremos o risco de ser por eles enganadas.  

Hoje, o que mais desejo é meu robô "faz tudo", já que não há profissionais com essa especialidade. E acredito que este sonho não seja só meu, mas de todas as mulheres.   



                                              

Um comentário:

  1. SEMPRE QUIS TER ESSE PROCLAMADO "PERSONAL" .
    JÁ PENSEI ATÉ EM CONTRATAR UMA ASSISTENTE PARA RESOLVER TODAS AS MINHAS PENDÊNCIAS, ALÉM DE OUTRAS QUESTÕES.

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