A garotinha que passava na calçada, de mãos dadas com o pai, tropeçou, repentinamente, sendo amparada por ele. Observei o chão e nada havia ali que pudesse provocar a queda de alguém. Continuei a caminhar, mas meus pensamentos estavam voltados para aquela cena. Não para ela, especificamente, mas para nossos próprios tropeços durante a vida.
Quando eles ocorrem, também procuramos buracos inexistentes nas calçadas , possíveis empurrões, na busca de respostas que, certamente, estão dentro de nós. Na maioria das vezes, não há culpados no exterior. Tropeçamos em nós mesmos, em nossa falta de atenção, de confiança , de preparo. Alguns, em suas altas expectativas, em desmedidas ambições e, o pior, na crença de que são credores da vida e/ou de outras pessoas pelas quais já passaram e com as quais conviveram.
Ao contrário do que os alguns afirmam, não se pode aceitar tudo que vem de graça, só pela falta de ônus, eis que podem contrariar nossos valores, nossos interesses e forma de pensar. E não se pode esperar que tudo nos chegue sem esforço, empenho, sacrifícios...
Creio que o número de insatisfeitos supera, e muito, o daqueles que cultivam e plantam, mesmo sabendo que, se o tempo não ajudar, perderão todo o trabalho e não chegarão à esperada colheita.
Supera o de otimistas, que acreditam em seus valores e tentam se aperfeiçoar, cada vez mais.
Supera o dos que se sentem felizes, acordando, a cada dia, colorindo de esperança as novas horas que se anunciam, ainda que o tempo se apresente escuro, sem resquícios da presença do sol.
Insatisfeitos buscam culpados e não soluções. E ficam amargando uma dor criada e alimentada por eles, permitindo que ela cresça e se fortaleça, fazendo com que caminhem de cabeça baixa , sem perceber que, com mais atenção, conseguiriam sair do marasmo e ter belezas para agradecer.
Tropeços são fundamentais para um andar firme e vigoroso. Não é necessária a ajuda de um terapeuta para se chegar a essa conclusão. Basta olhar a criança que engatinha, que cai, mas que tenta novamente, até correr, livre e sorridente, pela casa.
TROPEÇOS
Nem sempre existe um ombro para se pousar a cabeça em momentos de fragilidade. Nem sempre há mãos estendidas para nos socorrer da maldade Nem sempre há ouvidos atentos ao que precisamos dizer, a nos ajudar a esquecer mágoas, ofensas, e as demais dores que abraçam o ser Nem sempre ! E é por isso que , nos momentos em que nos vemos no chão, precisamos tirar de dentro o nosso próprio sustento emocional Marilene |
Boa noite serena, querida amiga Lena!
ResponderExcluirQue poema mais verdadeiro!
"Nem sempre há mãos estendidas
para nos socorrer da maldade "
A resiliência nos impulsiona a erguer-nos com o tempo.
Confio muito que Deus não dá o frio além do cobertor que há em nós.
Não disse assim , seria um caos.
Um texto também muito profundo.
Tenha um final de semana abençoado!
Beijinhos carinhosos e fraternos
*não fosse assim...
ExcluirOLALÁ!!! Está de volta à prosa! Maravilha!
ResponderExcluirMarilene, como fostes feliz na abordagem desse assunto! E eu conheço muita gente assim, os outros são os culpados por tudo que não conseguem, pelas suas frustrações, para se safarem das culpas.
Amiga, não tem um jeito, é difícil pessoas com esse perfil mudarem de atitude. Não mudam, estou esperando, há 200 anos que alguns que conheço mudem, não mudam, o problema está nos outros! E resolvi o problema, me afastei... que bom, que paz.
Querida amiga, voltastes afiadíssima e eu fico muito feliz!
Que fiques no nosso meio, tens muito a dar. O poema está lindo!
Um bom fim de semana,
beijinhos!
UAU! Prosa e versos maravilhosos ,Marilene! Tropeços acontecem e só às vezes percebemos que tantas vezes são por nossa própria culpa...
ResponderExcluirAdorei te ler!
beijos, de volta, chica
Querida Marilene
ResponderExcluirBom dia.
Este seu texto vem assinalar um problema do nosso quotidiano.
Aqueles que caem e deixam-se ficar sem alento para ultrapassar
os tropeços da vida e aqueloutros que sempre arranjam forças para
vencerem as agruras que se apresentem.
E tem muita razão nos seus belos versos, nem sempre há alguém
com o ombro à disposição para consolar e ajudar a reerguer.
Dentro de nós é que deveremos procurar ferramentas necessárias
para isso.
Bom domingo, minha amiga.
Beijinhos
Olinda
Belíssima crônica e poema muito bem versado. Nada nos acontece por acaso. Até os tropeços são testes, ou uma lição, é são naturais na nossa caminhada. Infelizmente , em vez de aproveitar, muitis transferem responsabilidade.
ResponderExcluirParabéns Marilene!
Beijo carinhoso.
Nem sempre, estimada Marilene.
ResponderExcluirUma análise psicológica muito lúcida sobre a nossa evolução
enquanto seres humanos e sobre os que se recusam a crescer,
ou enveredam por caminhos tortuosos...
De facto, quando há acompanhamento afetivo atento, tudo é
mais leve mas as grandes lições aprendemos sós.
Foi um prazer voltar a ler a sua prosa.
Boa tarde de domingo e uma semana leve e risonha. Abraços.
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Que boa reflexão, Marilene. Tenha uma ótima semana.
ResponderExcluirGostei muito, amiga Marilene. Tanto da prosa como da poesia.
ResponderExcluirTropeçamos tantas vezes, e nem por isso aprendemos sempre. Quantas vezes persistimos nos tropeços, umas vezes porque o calçado não é adequado, e outras porque o pé ou a perna não estão nas melhores condições e fraquejam...
É bom ter um amparo, mas que a força de dentro nunca nos falte.
Beijinhos
Hoje, convido-a a participar no meu 'post' em louvor de Portugal, no seu Dia Nacional. Bom fim de semana. Abraço, querida amiga.
ResponderExcluir~~~~~~~~~~
Quanta verdade na reflexão e na poesia. Creio até que dificilmente existirá alguém por perto para amparar, restando sempre a cada um o esforço para se reerguer e continuar a vida. Ótima semana, beijos ;) https://botecodasletras2.blogspot.com/
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