(imagem retirada internet) |
Há muito não a via e, sem obra do acaso, a encontrou, naquela manhã, próximo ao seu escritório. Eles se olharam e percebeu, nas entrelinhas do sorriso dela, que ainda não haviam dito tudo, vivido tudo. Emocionou-se e teve certeza de que o espaço criado e mantido por ambos, ora aparentemente vazio, poderia ser preenchido com o que fora, inconscientemente, camuflado pela insegurança dele. Marcaram de jantar juntos, na mesma noite.
Ele preparou com esmero a mesa. Acendeu velas, escolheu a música. E observou que tudo fizera com muita antecedência, pois, agora, tinha por companhia a ansiedade. Caminhava de um lado para o outro. Olhava o jornal sem conseguir se fixar nas notícias. Permanecera por longo tempo diante do espelho, até fazer a escolha da camisa. Passava as mãos pelos cabides, considerando todas as peças inadequadas. Seus olhos passeavam, insistentemente, pelo relógio, que chegou a balançar, para confirmar se estava funcionando. O tempo não corria e a ansiedade aumentava. E se ela não viesse? E se tivesse concordado com o encontro apenas para dispensá-lo, rapidamente? Sentia-se como um adolescente e não como um divorciado, pai de dois filhos, que reencontrara um amor do passado e sentira o coração aos saltos, mais uma vez.
Resolveu tomar uma taça de vinho. Diante de qualquer ruído, dirigia-se à porta. Por receio de não ouvir o interfone, deixou-a destrancada, avisando o porteiro que ela poderia subir sem ser anunciada. Outra taça, pensou, e ficaria mais relaxado. Já estava na terceira, quando olhou as horas e confirmou que o momento de sua chegada havia passado. Ela não viria.
Encheu duas taças, colocou uma em cada mão, e optou pelo brinde solitário da desilusão. Tim! Tim! Bateu, levemente, uma na outra, dizendo: "ao amor"! Sorveu um gole de cada uma delas e assim continuou a proceder, até que a garrafa ficou vazia. Não satisfeito e, já meio desequilibrado, abriu outra. E continuou a fazer esse brinde solitário, com a imagem desejada desfilando por sua mente. Ela estava ali, a falar de saudade, a fazer perguntas e carinhos. Quando, já afetado pelo vinho, ouviu a campainha tocar, imaginou que o som era fruto de sua imaginação e se limitou a encher, mais uma vez, as duas taças.
Percebendo que a porta estava aberta, ela entrou, devagar. A cena que presenciou era cômica. Ele continuava a fazer tim! tim!, brindando ao amor e sorvendo um gole de cada taça, em sequência.
Quando se aproximou, rindo alto, ele a viu.
Mas nada conseguiu dizer e... desmaiou!
E ainda dizem que o homens lidam melhor com essas situações que as mulheres (hehehehehehe) .
Marilene
Marilene
Noooossa, que cena ela viu... Assim, se ela tinha qualquer resquício de sentimento por ele, acabou ali...Viu o que a esperava!! Lindo conto! bjs praianos,chica
ResponderExcluirViajei. Um dos melhores contos que já li. Parabéns intensos!
ResponderExcluirMarilene: Lindo nunca tinha lido um conto igual a este Adorei.
ResponderExcluirBeijos
Santa Cruz
Lidam nada, Marilene! Ninguém lida bem com a ansiedade, acredito.:) Mas o texto está ótimo, amiga! Boa semana.
ResponderExcluirah, Marilene!
ResponderExcluircom suspense e paixão-cresce a ansiedade?-abraços
Caramba, mas que homem esse que não sabe que mulher chega sempre atrasada. E que lindo espetáculo ela viu.
ResponderExcluirUm abraço e uma boa semana
Oi Marilene, boa tarde!
ResponderExcluirAh, tá muito bonita na nova foto do perfil hein!
Adorei o conto....decididamente, ansiedade não é só coisa de mulher.
De repente ela nem demorou tanto,
vai ver os relógios estavam marcando horários diferentes.
10 ou 15 minutos, para quem está atrasado não parece muito,
mas para quem espera é uma eternidade!rsrs
Bjs :)
Marilene, que conto hein! A angústia da espera julgo ser transversal entre ambos os sexos. Nisto tudo o que importa salientar, é que mostraste uma grande faculdade de contista, a par de outros dotes de literários de que vens dando mostras.
ResponderExcluirBeijos
Marilene seu conto ficou um show, muito lindo e prende a respiração do leitor, o faz criar as imagens.
ResponderExcluirAssim deve ser um conto que nos coloca na cena.
Parabéns amiga, voce sabe fazer bem feito.
Meu abraço de uma bela semana de paz e alegrias.
Beijo
Que conto mais delicioso esse!
ResponderExcluirFiquei a visualizá-lo, até o desenhei em pensamento (apesar de não ter dito nada sobre)...rs
Mas o desfecho final foi de arrasar e ri por demais aqui sozinha em frente a telinha....hehehe.
Parabéns amiga pela criatividade e realmente homens não lidam bem não..rsrs
Beijos com carinho.
rsrs...
ResponderExcluirPosso até imaginar a cena-rs.
Não me parece que os homens lidam melhor com esse tipo de situação. Eles costumam ficar muito frágeis diante de uma frustração amorosa e afogá-la na bebida é um dos artifícios mais comuns. Mas, desmaiar, já foi demais, né?-rsrs
Adorei o conto, mana. Proporcionou uma leitura deliciosa.
Beijo.
Realmente! A pressa é inimiga da perfeição, principalmente, quando aliada à ansiedade. Será que ele não poderia esperar mais alguns minutos? Será que só ele tem direito a imprevistos ? Ela não tem? Acho que faltou um pouco de tato da parte dele. Afinal, a paciência ainda é uma das maiores virtudes. Belo conto Marilene!
ResponderExcluirBeijos e uma ótima semana para ti e para os teus.
Furtado.
Homens lidam bem pior, isso é fato. rs Adorei o conto, Marilene! Beijos e boa semana.
ResponderExcluirCara Marilene
ResponderExcluirTive de sorrir :))
Um conto interessante e que nos mostra que afinal
nestas matérias somos todos parecidos. Homem ou
mulher, no que toca a insegurança nestas horas,
reagimos da pior maneira...
Bj
Olinda
Ah, que sorriso doce destrava em nós esta imagem final, Mari.Simplesmente reconfortante.È preciso crer que os sentimentos não tem gênero privativo.
ResponderExcluirBela página:)
Bjos e grata pelo carinho.
Calu
Um final desastroso para um evento que podia ter mudado a vida de ambos.
ResponderExcluirBeber faz mal e a ansiedade também :)
Adorei!
beijinho
Fê
rsss, mas que cara destrambelhado!! Pensei que essa ansiedade fosse mais própria de nós, mulheres! Bota ansiedade na criatura!
ResponderExcluirAdorei, você mandou muito bem o conto, segurou o ritmo da curiosidade até o fim, rss.
Beijo!
Olá Marilene,
ResponderExcluirNossa, que texto maravilhoso! Adoro quando consigo ler e ao mesmo tempo ver a cena "rodando" como um filme em minha mente! Que aflição! Já estava pensando, pare de beber pois ela pode chegar ainda, kkkkkkk.... E não é que chegou mesmo? Pior que isso certamente já deve ter acontecido muito por ai.
Adorei, parabéns mesmo!
Abraços,
Flávio Ribeiro
portaodoinfinito.blogspot.com.br
hip... hip....
ResponderExcluirque melhor prova de amor?
escreves muito bem. adorei...
beijo
A ansiedade acaba por trair a todos...
ResponderExcluirDos contos/crônicas que li, adorei todos, amiga! Que facilidade tens em se expressar! Amei conhecer um pouco mais de ti na postagem TIMIDEZ, principalmente por ter certa semelhança com a minha história de vida, menina tímida sempre observando mais do que falando, fascinada com o comportamento humano,
ResponderExcluirsó que fiz opção pela área de Psicologia, profissão que amo e que me permite, além de ajudar o semelhante a se (re)encontrar, também me descobrir, redescobrir e conhecer-me cada vez mais.
Quanto à postagem atual, parece até que conheceste um amigo meu que teve esse mesmo comportamento enquanto esperava a namorada para um jantar e ela só apareceu hora e meia depois, encontrando-o num lastimável. Isto foi motivo de gozações por muito tempo, por parte das amizades de ambos. Só que neste caso houve um final feliz, pois por pedidos de amigos comuns resolveram se dar uma nova oportunidade e hoje são casados, felizes, pais de duas crianças lindas, e de uma sou madrinha. Está vendo como a arte imita a vida? Ou é a vida que imita a arte? (risos). Por isso já deu para perceber como gostei do teu conto, amiga!
Deixo aqui também estrelas e sorrisos, com meu carinho,
Helena
(http://helena.blogs.sapo.pt)
Gostei da diferença... do conto... e do desmaio dele... porque é um elemento surpresa e faz dele tão humano quanto os outros ;)
ResponderExcluirbjo amigo
Oi Marilene!
ResponderExcluirEstou rindo aqui, não só do desmaio do cara, mas da sinceridade do Sérgio.
Creio que controlar a ansiedade não é fácil para ninguém, mas discordo quando dizem que homens e mulheres possuem graus de ansiedade iguais.
Não mesmo! E o Sérgio foi o único homem que teve a coragem de assumir isso publicamente.
As mulheres são muito ansiosas, no entanto, as cobranças da sociedade já nos fazem amadurecer rápido e controlar melhor isso aí.
Já os homens, alguns muito mimados pela educação que tiveram onde tudo lhes é entregue de bandeja, quando se veem contrariados dá esse resultado aí no teu conto tão realista. Eles literalmente se deixam derrubar.
Adorei ler teu conto, tu escreve tão bem que dá para imaginar a cena direitinho.
Beijo grande e um fantástico final de semana. :)
Definitivamente, nós homens somos bem inferiores as mulheres quando nos vemos diante de situações como essa. Não tenho a menor duvida disso.
ResponderExcluirAmiga..
ResponderExcluirEu adorei essa espera fiquei surpreendida com o final
coitado .
Além de finalizar com a noite tão esperada
ainda desmaia .
Adorei Marilene não somos tão frágil quanto parece.
Um feliz final de semana beijos.
Evanir.
Marlene, que interessante conto! Gostei imenso de ler. Situação muito bem analisada.
ResponderExcluirO dito sexo forte é, sem dúvida alguma, muito mais fraco que a mulher.
Há tanto para falar sobre a grandeza da mulher!
Voltarei.
Beijinho,
ZCH
rsrsrs
ResponderExcluirPois é né? Se tivesse a mesma paciência que as mulheres tem, estaria ao menos sóbrio!
Acho que somos até mais ansiosas, mas eles não sabem lidar com atrasos e afins!
Adorei! Como sempre dando um show de belíssima escrita! Parabéns.
Beijos.
Boa semana, Marilene! Aguardo o próximo post.
ResponderExcluirPoderia dizer que é próprio dos homens afogar suas mágoas amorosas na bebida. Mas , felizmente existem excessões. Mas, mesmo assim , as mulheres se descabelam mas têm um melhor controle da situação. Abcs,
ResponderExcluirrsrsrs, tenho alguns amigos assim.
ResponderExcluirParecia que eu estava vendo cada um deles nesta situação.
Amei!
Um abraço amiga talentosa.
Que bom, Marilene, fez-me sorrir!
ResponderExcluirUm toque de humor fica sempre bem!
BJOS :) :)