20 março 2014

A ESTRANHA MOVIMENTAÇÃO

(imagem retirada da internet)


                                                         
Como usualmente faço, desci minha rua de carro, a fim de estacioná-lo perto de uma praça, uns três quarteirões abaixo, lugar mais plano. Isso não é fácil, eis que muitos procedem da mesma forma, já que há subidas bem íngremes no bairro. E de lá podemos andar até os lugares que desejamos, como bancos, mercados, padaria, lojas..., utilizando os veículos apenas para retornar às nossas casas.

Como resolvi seguir minha intuição, depois do incidente que mencionei em outra postagem, e me senti incomodada no lugar onde parei, alimentando a sensação de que meu veículo poderia ser furtado ali, optei por deixá-lo no estacionamento do Carrefour, ainda que mais distante de meu destino. Essas ocorrências estão aumentando cada vez mais em BH e a violência as acompanha.

Ao passar pela praça notei movimentação estranha e parei para observar. Até pensei em fotografar, mas não deu tempo. Havia dois homens deitados de bruços na calçada, sob a mira das armas de dois policiais. Um outro fazia anotações e mais três permaneciam logo atrás. Muitas pessoas olhavam a cena e, bem próximo a eles, estava um rapaz com mochila nas costas. 

Os homens que se encontravam no chão foram levantados e percebi que estavam algemados. Olhei seus rostos. Jovens. Menores. Sem aquela aparência enganadora de inocência. Os policiais os levaram até o veículo adequado para conduzir suspeitos e o rapaz que mencionei, o de mochila, entrou no segundo veículo da polícia, mas sem constrangimento, o que me levou a presumir fosse  vítima da ocorrência.

Não sei o que houve, mas confesso que considerei esse rapaz corajoso. Hoje se teme denunciar e ficar frente a frente com quem comete atos infracionais/criminosos. Ouvi um senhor dizer à sua acompanhante: logo estarão de volta. Verdade indiscutível. Talvez, enquanto a vítima estiver aguardando a elaboração do respectivo B.O., os menores apreendidos já terão sido liberados. E o pior, desejarão se vingar. É muito fácil, em um bairro, descobrir onde alguém mora e os trajetos que comumente faz.

Triste realidade essa, que nos tem assustado e aumentado nossa insegurança. Aquele jovem (vítima) estava desacompanhado dos pais e seguiu com os policiais. Pode até ser que já tivesse mantido contato com alguém, que o encontraria na delegacia. Mesmo assim, creio que deveria ter aguardado, ali, a presença de algum familiar, para companhá-lo.

Não precisamos de noticiários para saber que menores estão, a todo momento, praticando atos delituosos. E nem para saber o resultado deles. Não ficam detidos e mesmo quando condenados aguardam pouco tempo para retornar às ruas. Reabilitados???? Doce ilusão! Nosso sistema não oferece essa possibilidade. 

Sou partidária da redução da maioridade penal, independente dos muitos argumentos contrários. A época da inocência ficou na infância e aos dezesseis anos todos sabem muito bem o que estão fazendo. Aliás, não foram os próprios políticos que entenderam assim, ao liberá-los para o voto? Ou essa escolha não exige capacidade de discernimento?


                                                       Marilene



25 comentários:

  1. Muito boa essa sua crônica do cotidiano sobre algo que assola não só BH, mas todas as grandes cidades do país (e até médias e pequenas).
    Tenha um bom dia.
    Beijos,
    Renata

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  2. Perfeitas colocações! Não aguentamos mais isso! Aqui em Poa também! Estamos presos em casa e a marginália solta! E menores? Sabem MUIIIIIIITO bem o que querem e estão fazendo e não são santos! Pena que çgo voltam às ruas! E ainda riem das vítimas ou novamente vingam-se delas! bjs,chica

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  3. Mesmo com essa triste realidade, voltei pra desejar um lindo e inspirador OUTONO!! bjs

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  4. Uma crônica muito bem concebida e escrita! Parabéns minha amiga. Mesmo longe é bom saber o que se passa num País que AMO, mesmo sem o conhecer!
    Bjnhs e tenha um bom dia.

    ZezinhoMota

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  5. _Sou partidária da redução da maioridade penal, independente dos muitos argumentos contrários...Parabéns, eu tb, não sei pq ainda patinamos e perdemos tanto tempo em tornar lei e tentar acabar com este abuso destes homens ditos menores de 16, 17 e 18 anos, valeu, gostei da sua mensagem e por ela vc recebe beijinhos e beijinhosssssssssss

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  6. Hoje Dia Do Blogueiro..
    Venho te deixar meu abraço
    carinho e agradecimento
    por caminhar comigo .
    Que durante muitos anos ainda possamos
    caminhar juntos levando paz e amor.
    Beijos no coração .
    Evanir.
    Amada diante de tanta coisa moro perto da praia
    cada coragem de sair para caminhada sozinha.
    Eu mal posso acreditar menores pode matar
    a vontade que triste a justiça do nosso Brasil.

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  7. Oi Marilene :)
    É isso mesmo, a inocência fica na infância, então, a maioridade penal poderia ser bem antes dos 16.
    Se excedem e aterrorizam pois sabem que não há punição condizente com os delitos. Cada vez mais cedo, a juventude se envolve em crimes, e isso acontece em todas as cidades.
    A cena presenciada por vc, é corriqueira, aqui onde moro.
    Bjs!

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  8. Marilene, a aprendizagem dos meliante se inicia nos bancos da escola. Depois depressa ficam a saber ter paciência de esperar, para logo poderem recomeçar. Agora o que é normal acontecer a quem os denuncia, é ficarem em olho de mira para retaliações.
    Beijos

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  9. Para estes caras, acho que nunca tiveram a infância para poder exercitar suas inocências. Sobra pra nós.
    Abraços, Marilene.

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  10. Uma grande crónica sobre delinquência. Parece que quanto mais cedo se começa a cometer crimes, mais difícil se torna a reabilitação, que neste caso do Brasil nem parece existir mesmo...
    Todo o criminoso sabe as malhas com que cose e sabe perfeitamente que a idade jovem joga a seu favor, mas os cidadãos cumpridores da lei têm direito a paz, sossego e segurança.
    Os sistemas penais evoluíram ao longo dos tempos, mas a verdade é que às vezes parece haver, pelo menos em Portugal (não sei como é no Brasil) uma tendência para tomar muito em consideração os direitos do criminoso em vez dos direitos da vítima.
    xx

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  11. OI Marilene! Hoje agradeço pelas palmadas que levei da minha querida e inesquecível mãe. Sou do tempo em que, para tirar e comer uma banana da fruteira tinha que pedir ou o pau comia. Menor encontrado na rua após às 22:00hs. era recolhido ao Juizado de Menores e só saía com os pais, depois que os mesmos levassem uma boa bronca. Hoje, com o Estatuto da Criança e o Adolescente, as coisas mudaram muito. Não que eu seja contra o mesmo, porém acho que deve ser mudado em alguns aspectos.

    Belo e pertinente o teu texto. Também concordo com a redução da maioridade penal.

    Beijos e um ótimo outono para ti e para os teus.

    Furtado.

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  12. Oi, Marilene!
    É preciso entender os motivos que levam um jovem ao crime e não sei se a redução da maioridade penal resolve essa questão. No Brasil, o problema nunca é resolvido e fazem apenas "curativos" ou melhor, é lançada na sociedade um bla, bla, bla, para que as pessoas pensem que as autoridades estão levando da cadeira.
    A falta de qualidade de vida é um dos fatores que levam famílias a enfraquecerem ou serem decompostas. Se o governo desse o que a constituição nos garante, o crime diminuiria e muito. Que tal o governo garantir escola, criar condições dos jovens terem seus primeiros empregos e aumentar o salário mínimo? A ociosidade ou mesmo de sonhos, leva ao crime.
    O rapaz vítima do assalto pode não ser corajoso e sim inocente - Não saber as consequências de mostrar a cara. Vejo uma distância tremenda entre jovens de "boa família" e os que estão sob custódia das ruas. Vejo também policiais faltarem com o respeito até com mulheres. Então não sei como seria a conduta dos policiais, se o Estado não garantisse os direitos das crianças e dos adolescentes.
    O jovem muitas vezes só precisa de uma segunda chance.
    Beijus,

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  13. Aii...Mari, me da ate calafrio ler post sobre essas violências urbanas. Quando moramos fora e voltamos a um lugar onde vivemos e a violência é existente, parece que ficamos ainda mais medrosos. Me da uma tristeza ver esse Brasil assim!

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  14. Nossa, perfeito, Marilene. Tb sou a favor da redução e quem tem essa idade sabe bem o que tá fazendo. E se a grande questão é misturá-los com os outros presos, é simples: basta deixá-los internados nas instituições e qd completarem a maior idade são transferido pra presídios.

    Imagino essa sua sensação de insegurança pq aqui no RJ é assim tb. E esse rapaz foi corajoso mesmo, só que os presos serão soltos em breve. É semiaberto, hábeas corpus, progressão, enfim... bj

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  15. Oi Marilene! Voltando para agradecer a visita e amável comentário, bem como desejar um ótimo final de semana para ti e para os teus.

    Beijos,

    Furtado.

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  16. Oi mana,

    Concordo com você quanto à redução da maioridade penal. Não vejo outra solução para o combate à criminalidade por parte dos jovens, que são usadas até como 'laranja' pela bandidagem. Eles são frios no agir e roubam e matam sem qualquer escrúpulo. Nem se diga que não sabem o que fazem. Sabem sim e estão conscientes de sua impunibilidade. Claro que eles não poderiam cumprir pena nas mesmas selas que os criminosos adultos. Seria necessário a construção ou adaptação de presídios apenas para eles, devidamente estruturados para reabilitá-los (educação, oficinas de trabalho, lazer) e com disciplina militar.

    Beijo.

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  17. Marilene, infelizmente relatou uma situação cada vez mais comum. O triste é saber que há sempre o perigo da retaliação, sobretudo se a vítima não demonstrou ter medo. Impetuosidades da juventude.
    Se há algo que temo, sobretudo em relação à minha filha, que é jovem, é essa situação de insegurança cotidiana que vivemos. Os jovens parecem ter perdido todas as noções de limites. Um abraço!

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  18. Concordo inteiramente, Marilene. A verdade é que a carga de informações que recebemos é maior a cada momento, e abrevia muito o tempo de duração da infância e da inocência. Infelizmente! :( Bela postagem, boa semana.

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  19. Oi, Marilene, tudo igualzinho em todas as nossas cidades. Ontem, não lembro onde vi, a 7ª cidade mais violenta do mundo é Fortaleza! A primeira no Brasil é Maceió. Veja como estamos, o que sentimos aqui do lado de fora... E daí? Alguma solução? Nadinha, amiga. Ninguém está afim de se comprometer tanto com educação e com segurança. Mas agora, no espaço eleitoral, estão aparecendo escolas lindinhas, até com vasinhos de flores... Tudo tão bonitinho, né?? Fora do horário... é um desastre! Calamidade!
    Ótima sua crônica. Dá pano pra manga...

    Beijo.

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  20. Olá,Bom dia,Marilene
    Bela ...
    ...é certo que somente a redução da maioridade penal, não vai resolver o problema que temos hoje, muitas outras ações são necessária... melhorar o sistema prisional, a instituição socioeducativa etc etc . Mas, já temos que dar um primeiro passo rumo a solução do problema do menor infrator. Talvez, conseguirmos, através de profissionais competentes dimensionar a real capacidade de discernimento do menor infrator, pois me é claro que o adolescente que comete o crime tem plena consciência do que está cometendo e que está causando um dano a alguém, ou, chegarmos ao dia em que julgaremos pelo crime e não pela idade,se perceber que o adolescente tem consciência como um adulto do crime que comete, ele deve ser punido como um adulto...se não, iremos,conforme bem relatado, chegarmos à um momento que Nós,ficaremos presos em casa,com medo da violência,vingança e retaliação e Eles, soltos,pois não ficam detidos,fazendo essas tristes movimentações ....
    Obrigado,
    Pelo carinho, belo dia, bela semana,beijos!

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  21. É um problema a delinquência juvenil !
    Também concordo com a redução da maioridade penal.

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  22. Muitas vezes só necessitamos de uma palavra de conforto, de ânimo,
    de alguém que dedique um pouco do seu tempo para nós.
    E são nessas muitas vezes que encontramos nossos amigos virtuais!
    Hoje venho te abraçar pelo dia do amigo virtual.
    Você é benção na minha vida.
    Quero estar em sintonia contigo
    por muitos anos .
    Como muito carinho deixei um mimo na postagem,
    simples mais de todo coração.
    beijos te agradeço pela nossa amizade.
    Evanir.

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  23. Marilene,
    também sou partidária da redução da maioridade penal.
    Admiro sua escrita em crônicas, pela clareza e lucidez, constantes na tua escrita, também nos versos.

    Beijos!

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  24. Pois é... Concordo com voce Marilene. Se acham que sao responsaveis o suficiente para votarem, porque nao culpa-los pelos bárbaros atos e por nos amedrontarem todo o tempo? Nunca sabemos quando estamos seguros! Nada de inocentes...Pena neles, isto sim!

    Beijos

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  25. Sou também favorável a redução da maioridade penal, só assim as coisas poderão começar a mudar.
    Um abraçoq uerida.

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