(Katerina Lomonosov ) |
Não há mais escravidão! Não mais se falará em "carta de alforria" ! Somos tolos e acreditamos em palavras ditas, em sentimentos plantados. Em todos os cantos do mundo e, principalmente no Brasil, muitos ainda não podem caminhar com os próprios pés, acorrentados a pessoas que lhes atribuem dívidas impagáveis e se tornam donos de sua liberdade. Para esses, ainda existe o sonho, não de outra Princesa Isabel, mas de uma atitude humana, política, uma denúncia, uma eficaz atuação da polícia. Para esses, não há como fugir da gaiola. E o pior, ela nem é dourada, mas escurecida, suja, e sombreada pela submissão à qual nenhum homem deveria ter que se curvar. Mas não têm eles armas para um levante.
E não é só esse o tipo de escravidão a que estamos sujeitos. Há escravos de companheiros intolerantes, frios e, porque não dizer, maus. Há escravos de patrões intransigentes, desrespeitosos e, porque não dizer, maus. Há escravos de colegas de escola que humilham, que se escondem através de fachadas e não têm suas máscaras tiradas do lugar. Há escravos nos campos e nas cidades. Mesmo que com eles convivamos, nos sentimos impotentes para o necessário grito, aquele que eles mantêm contido na garganta por medo, por insegurança, por falta de opções.
Nossa chamada liberdade é um mito. É sempre exercida de forma limitada. Mas quando esses limites são por nós mesmos estabelecidos, sentimo-nos, ainda, livres. Vivemos em sociedade e cumpre-nos respeitar para obter respeito; temos, muitas vezes, que retroceder, não porque estamos errados, mas porque é necessário deixar o caminho livre, de forma a possibilitar uma convivência harmoniosa. Ninguém pode dizer o que quer, no momento que tem vontade. Mas isso é proveniente da educação, do cumprimento de leis às quais somos subordinados, de um bem maior. Não há nada de mal nessa limitação da liberdade, eis que não somos escravos, no sentido exato do termo. Temos opções. Algumas difíceis, mesmo assim, possíveis de exercício, desde que saibamos e nos sintamos dispostos a arcar com os resultados.
Mas hoje é 13 de maio! Além de nos lembrarmos de Nossa Senhora de Fátima, nos voltamos para aquela abolição da escravatura. Podemos pedir a Nossa senhora que ajude os que pernanecem no regime da escravidão. E também podemos abrir os olhos, ver além do que nos é mostrado e tentar conceder, ou auxiliar na concessão de uma carta de alforria a todos que ainda são vítimas daquele regime, como os escravos de senhores feudais (aos montes neste país), às jovens escravas vivendo na prostituição (não por opção, mas por prisão decorrente de sonhos equivocados), às domésticas (vítimas de patrões dos quais não conseguem se libertar) ...
A todos, enfim, que, de uma forma ou de outra, não foram beneficiados, ainda, por uma Lei Áurea.
Marilene
(Publicado em 13 /05/2011)
Marilene
(Publicado em 13 /05/2011)
É, quando vemos que ainda há escravidão, em todos os sentidos... não há nem ao menos a liberdade de expressão verdadeira, às pessoas calam, por medo ou simplesmente por não ter apoio necessário para mudar, e assim, continua como está, há tempos falam-se em mudanças, nada muda. Uma pena enfim. Que levante um salvador, um libertador para os dias de hoje! Abraços Marilene e uma linda semana pra você!
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ResponderExcluirAbordagem perfeita mana, na ocasião em que se celebra a abolição da escravatura.
Ter uma liberdade relativa por opção ou pelas imposições naturais das regras que regem a boa convivência, o respeito e o cumprimento de normas legais é uma coisa, mas permanecer aprisionado/escravizado pela intolerância, pela maldade, pelas chantagens emocionais é algo inadmissível no mundo moderno e merece nossa intervenção para ajudar na medida do possível, nem que seja através das orações, conforme você bem sugere.
Excelente o seu texto.
Beijo.
Amiga Marilene
ResponderExcluirA tua crónica, porque me pareceu bem fundamentada, suscitou-me interesse em a reler. A carta de alforria, segundo as telenovelas da Globo, havia muito na muito na escravatura do Brasil. Hoje é pressuposto ter acabado a escravatura. Mas bem vistas as coisas, o homem continua sendo lobo do homem, até na velha Europa têm aparecido verdadeiros casos de esclavagismo. Quer isto dizer a escravatura, nunca acabou de todo, tomou foi novas formas.
No dia 13 de Maio, em Fátima, dita altar do mundo, se reúne uma grande comunidade católica universal e é bem que este ponto seja muito evocado perante a Virgem Santíssima.
Beijos de amizade
Olá Marilene :)
ResponderExcluirTexto inteligente e mais que apropriado pra hoje.
Infelizmente,os reflexos da escravidão ainda são muito visíveis.
A escravidão antiga acabou,hoje ela é contemporânea...
Bjs e boa semana!
Olá!Boa tarde
ResponderExcluirMarilene
Que belo texto...
Ser livre é ter livre arbítrio, é o homem ter autonomia em seus atos.
Esse princípio fundamental do homem é muito contestado, pois sem opções de escolha você não é livre,mas, a liberdade não é tanto o poder para escolher entre vários possíveis, mas o poder para autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de conduta.E a verdadeira liberdade está no não se apegar ao que é externo, uma vez que há uma razão para as coisas deixarem de existir. Se tudo é fugaz, é bobagem sofrer pelo que se perde, pois a perda é algo inevitável. Liberdade é saber aceitar a vida, saber viver com o que se tem, não buscar cada vez mais, e a moderação é exatamente o que faz falta na atual noção de liberdade.
Obrigado pelo carinho
Boa semana
Beijos
Parabéns por este texto. Há sim, pelo mundo fora, muito tipo de escravidão. Até
ResponderExcluirna dita(democrática Europa) nos estão agora a escravizar a nivel económico...
Um beijinho
Irene Alves
Excelente postagem! Parabéns. Precisamos entender que liberdade não é libertinagem.
ResponderExcluirSe quisermos...apesar de toda a escravidão...poderemos ser livres porque há algo em nós que nunca poderá ser acorrentado: a nossa alma e o nosso pensamento.
ResponderExcluirUma postagem perfeita e uma chamada de atenção para aqueles que querem pisar os outros a torto e a direito. Parabéns.
beijo
Graça
Grande postagem, Marilene! Uma pena que essa lei não acabou também com o preconceito que até hoje existe e muitas vezes de forma velada. Aliás, imagina quantas "autoridades" devem ter tentado boicotar essa lei na época como ocorre atualmente em cima de casamentos gays ou então a respeito do direito ao aborto e outros temas polêmicos... Bjs
ResponderExcluirExcelente texto ! Ainda bem que a escravatura acabou , embora infelizmente ainda hajj formas disfarçadas de escravatura !
ResponderExcluirOi!
ResponderExcluirEstou visitando alguns blogs.
Adorei a mensagem do post, é a realidade.
Se tiver um tempinho, vai dar uma espiadinha no meu.
http://vanessalamerinha.wix.com/myheart
Beijos.
Querida amiga
ResponderExcluirExcelente texto!
É certo que "a nossa liberdade termina onde começa a liberdade do outro" - é um facto.
Também se diz que "a liberdade é um estado de alma".
Tudo certo. Contudo, desta só pode usufruir quem é, por natureza, livre.
A escravatura (ou escravidão) foi abolida apenas em teoria. Todos sabemos que ela se pratica quase em todo o mundo, sob as mais diversas formas.
Não vou alongar-me em considerações porque o seu texto está de tal forma perfeito que tudo que eu possa dizer será supérfluo.
Permita-me, apenas, que transcreva para aqui um poema que recebi dum grande e querido amigo brasileiro, Humberto Poeta, exactamente no dia 13/05:
A MÁCULA DA ESCRAVIDÃO
Humberto Rodrigues Neto
Merecem, sim, as críticas mais duras
aqueles que sem alma e compaixão
lançaram indefesas criaturas
na mais torpe e cruel escravidão.
Mas se tudo na terra segue um plano
que foi traçado na outra dimensão,
embora isso pareça atroz e insano,
concorre para a humana evolução.
Porém, aqueles pérfidos feitores
de sentimentos frios e alma perversa,
podem estar lá no umbral gritando horrores,
pois o além com os maus não tergiversa!
Quantos, lá em cima, rogam novo encarne
num corpo imune aos prantos e aos agravos?
Vão renascer, é certo, mas na carne
de esquálidos e míseros escravos!
Boa semana. Beijinho GRANDE
Marilene vim te visitar e agradecer o teu carinho em minhas casinhas, adorei tua reflexão muito boa, esta tal liberdade tem um sentido muito mais amplo do que se imagina à primeira vista, tantos e tantos a procuram e o fazem da forma mais errada, pra mim ser livre é ter a minha consciência tranquila, certa que dentro de tudo que considero correto não fiz mal a ninguém, nem extrapolei invadindo os limites de outrem,mas eu sei que dentro da minha imperfeição muita coisa que considero certo talvez não o seja, então procuro aceitar cada um como é, tendo praticar a liberdade dentro do mundo que vivo do mundo ao meu redor, já que não possuo o poder de estender as sementes de amor e fraternidade por todo este mundão de meu Pai, beijos Luconi
ResponderExcluirTens razão, minha amiga. São tantos os entraves quando buscamos a liberdade!! penso que o único lugar onde podemos ser realmente livre é em nossa mente! Mas até assim temos que estar atentas...são tantos os "pré conceitos" que a sociedade nos impõem, que se não discernirmos, estaremos presos a conceitos ultrapassados sem nos darmos conta! Buscar a liberdade não é fácil.
ResponderExcluirBeijos!
GRUPO ACADEMIA MACHADENSE DE LETRAS. É só acessar e seguir este grupo no Facebook). Participe enviando seus poemas, contos, crônicas, biografias culturais, projetos, eventos culturais, textos, sugestões de discos, livros, filmes, autores, etc. https://www.facebook.com/groups/149884331847903/
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EU QUERIA...
Eu queria compor um poema
Que ao ser declamado
Se transformasse em um eterno sonho.
Mas os sonhos são apenas desejos
Que se dissolvem com o raiar do dia...
(Agamenon Troyan)
Por mais que me esforce não consigo enxergar a liberdade no seu sentido amplo e irrestrito.
ResponderExcluirBelo e verdadeiro texto, parabéns Marilene querida, bjs no coração.
Hoje em dia, só nós mesmas podemos nos alforriar. É preciso ficar esperta.
ResponderExcluirBeijocas!
“IX CONCURSO PLÍNIO MOTTA DE POESIAS”
ResponderExcluirA Academia Machadense de Letras (Machado-MG / Brasil) comunica a realização em novembro de 2013 de seu IX Concurso de Poesias. As inscrições encerram-se no dia 14 de outubro (2013). Para receber gratuitamente o regulamento em arquivo PDF, entre outras informações, favor entrar em contato através do e-mail: machadocultural@gmail.com
Obs (PS): O tema é livre e aberto a todos de Língua Portuguesa e Espanhola e a taxa de inscrição é de R$5,00 pode ser enviada dentro do envelope.
Favor verificar o recebimento do regulamento em pdf e jpeg.
OBS: ESTAREI AQUI PARA TIRAR SUAS DÚVIDAS.