26 setembro 2011

MELHOR AMIGA? A MÃE !

                                                                

Ele é um menino homem. Com sua timidez de adolescente, encantava-se com algumas garotas e não se manifestava. Entre os amigos, falava sobre elas e acabava despertando o interesse deles. Aflorava aquele sentimento de competição, nem sempre consciente e, algumas vezes, esses amigos, mais ousados, chegavam nelas antes dele. Época do "ficar".  Aí, perdia o interesse. 

Um dia, o menino homem, que sempre recebia bilhetinhos e sorrisos, o que o deixava encabulado, percebeu o assédio de uma amiga de sua irmã. Não se interessou e até tentou "jogá-la" para os amigos. Bem mais velha que ele, mulher feita, ela insistiu, insistiu, insistiu... até que ele resolveu aderir ao "ficar". Bonito, inteligente, mas inexperiente, acabou se encantando com a moça. A irmã se descabelou. Rompeu a amizade e não perdia oportunidade para brigar com a ex-amiga, com quem antes  se divertia. A mãe também ficou assustada. O filhinho começou a passar o fim de semana na casa da então "namorada".  Astuta, ela lhe preparava surpresas, na imensa e rica residência, onde mora com pai, viúvo, sempre a viajar. Os pais dele , divorciados, conversaram sobre o assunto e concluiram que o melhor comportamento a se adotar era o de permanecer em silêncio, sem reprovações. Conheciam a moça, sua família, seus hábitos e, pelo menos, sabiam onde e com quem ele se encontrava. O namoro continuou. Viajavam juntos, dormiam juntos, estavam sempre juntos. E aconteceu o que ocorre, quando os pais não oferecem contrária e expressa resistência. O menino homem viveu momentos felizes, aprendeu muito, certamente, mas seus olhos passaram a ver os horizontes escondidos durante aquela convivência. E passou a receber outros chamados da vida. Ficou mais seguro e, não suportando as correntes que ela tentou colocar em seus pés de dezoito anos, agiu de forma honesta , conforme recomendava sua formação e caráter, e rompeu a relação, com palavras sinceras. Lágrimas, choro, ligações... mas não voltou atrás.


                                                  

Passou, então, a sair com os amigos, a encontrar outras "ficantes", até que uma delas, também bem mais velha que ele, enlaçou-o para o namoro. Mais uma vez, os pais se preocuparam. A moça já está realizada, profissionalmente, tem bagagem. Ele está na faculdade, já fez curso técnico e apesar de ser um menino homem, já domina o inglês, trabalha e tem suas ambições profissionais.

No começo, flores e risos. Ela foi bem recebida na casa da mãe que, aliás, desde o divórcio, é confidente do filho. E já foi visitar os pais dela, que moram longe. Viajam juntos e dormem juntos quando passam o fim de semana na casa da mãe dele. O mundo mudou e é melhor ter o filho em casa do que ficar sem saber a que perigos está exposto na rua, diz ela. Não foi criada dessa maneira, mas os pais, com as mudanças que o mundo sofre, acabam por acatar valores diferentes para estar mais próximos dos filhos, para não perderem sua confiança e ocuparem, sempre, o importante papel de amigos fiéis e insubstituíveis.

A jovem, que mora com uma amiga, adoeceu. Ele lhe deu todo o apoio necessário. Insatisfeita no emprego, tem transferido para o corpo suas dores. Ora é de cabeça, ora é no estômago, ora... O lado homem até entende, mas o lado menino quer vida, sente falta dos sorrisos, da convivência harmoniosa. Conversando com a mãe sobre o assunto, foi orientado no sentido de que não deixasse de fazer o que gosta, simplesmente porque ela não quer participar do programa. E ele voltou a sair com a irmã e os amigos. Já está se cansando de reclamações. Disse que sua sensação é que está saindo com sua avó, cujo tema principal da conversa é seu mal estar físico.


                                              

O menino homem é meu amado sobrinho. E, hoje, ri muito, quando soube do exemplo que ele deu, a respeito de estar fazendo um passeio com minha mãe, e não com a moça que conhecera. Ele está percebendo que relacionamentos não são assim tão fáceis. E não tem maturidade para manter um, de forma séria. Por isso, entendo que a diferença de idade, em certas fases da vida, pesa muito. Os interesses são divergentes, assim como os objetivos e o modo de encarar a vida. Quando já somos mais "velhos" e sabemos contornar situações, a idade é secundária. Mas não aos 18/19 anos.

Muito admiro a maneira como meus sobrinhos foram educados. Sei que, para minha irmã, não foi e não é fácil aceitar o comportamento moderno. Mas essa superação de antigos valores tem feito com que esteja sempre dialogando com os filhos, que nela depositam enorme confiança. É mãe, mas, acima de tudo, é a melhor amiga deles.

Imagens tiradas da internet . Se, inadvetidamente, estiver ferindo direitos, gentileza comunicar, para imediata correção.

8 comentários:

  1. É um belo texo.
    Cheio de andanças da vida e da descobertas desta mesma.
    A mãe é fundamental para essa tragetória, amiga e cheia de amor, ela sempre irá se empenhar no bem estar dos filhos.
    Muitas vezes as ilusões se colorem de forma real no jovem, e sem que ele perceba vai se deixando envolver.
    Acredita que aquele momento é seu tudo e se joga nele com garra.
    Mas as coisas apressadas, são sem base e a ilusão sempre fenece.
    Cada coisa em seu momento.

    Beijinho Marilene.

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  2. Marilene

    Em primeiro lugar, parece que a crónica se inspirou na realidade. Muitas vezes, mulheres experientes, atraem adolescestes inexperientes, por vezes tímidos, para poderem satisfazer os seus desígnios sem oposição ou resistência.
    Aí a confiança na mãe ou nos pais é de suma importância.
    Acontece isto porquê? Tinham educado com firmeza, sem destruir o espírito critico, que vem sempre ao cimo, a seu tempo.
    Beijos

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  3. por eso hay que escuchar siempre los consejos de una madre.

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  4. Ficou excelente a crônica!
    A sabedoria da mãe, no caso, favoreceu o rompimento espontâneo, o que não teria ocorrido se tivesse havido pressão.
    Aos poucos, o menino homem vai juntando bagagem
    para fazer as escolhas certas no decorrer de sua vida.
    Beijos.

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  5. Mari querida, e com as próprias experiências foi que o garoto entendeu que as coisas eram muito diferente.
    ótima crônica! :)
    bjokitas com imenso afeto.

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  6. Bom dia,Marilene!!

    Quero ter todo este diálogo e jogo de cintura com meus filhos quando crescerem!
    E concordo com você, tem períodos da vida que a diferença de idade pesa mais...mas nem é a idade cronológica que conta, mas a mental...é esta que muda tudo!
    Lindo texto!Beijos!

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  7. Que lição mais linda Mari... Amei a condução das palavras, me vi dentro da história. A família é sim o centro de tudo, é lá que nossas feridas são tratadas... Teu sobrinho certamente se tornará um homem muito especial, assim como já é um adolescente especial.

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  8. Uma amiga e tanto mesmo Marilene!
    Apoia o filho para que ele possa escolher o caminho, caindo na real, no tempo certo.
    Beijos

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