25 julho 2011

EXPECTATIVAS

                                                                  
Nunca me aproximei da perfeição. Ela está tão distante quanto as montanhas que podemos divisar e que até nos parecem pequenos montes, de tão longe que se apresentam aos meus olhos.  Mas já a procurei, porque fui educada para dar o melhor de mim. Isso me trazia a sensação de que, fazendo tudo de forma correta, eu me aproximaria dela. Houve épocas em que meu grau de exigência comigo mesma esteve altíssimo. Esse comportamento não é benéfico. Ao invés de saborear pequenas conquistas, passamos a julgá-las insatisfatórias, já que nem todos os caminhos foram explorados. Na faculdade, desejava as melhores notas da turma. Não me conformava com um  oito, por exemplo. Ele não era o limite. Elogios de professores me faziam bem, mas me deixavam constrangida. Não me sentia à altura deles. Tudo porque atribuí expectativas excessivamente altas para mim.

O maior problema advindo desse fato é que passamos a agir da mesma maneira com as demais pessoas. Esperamos delas mais do que podem oferecer. Não nos satisfazemos com um pouco de carinho e afeto. Desejamos amor... e incondicional.  Daí advêm as frustrações, conosco e com os demais. Começamos a pensar que não nos damos o suficiente, mesmo que estejamos em nossos limites. Que nosso maravilhoso trabalho não chegou ao ponto almejado. Que ainda nos falta sabedoria e preparo.


                                                       

Assim caminhei por longo tempo e fui aprendendo com a vida. Muitas vezes o que julgamos pouco é mais do que suficiente. E acabamos por percebê-lo nos resultados de nossas ações.  A maturidade nos faz ver que não existe um conceito único de perfeição. E que, ainda que houvesse, não teríamos que obtê-la, pois a satisfação pessoal não depende dela. Acredito que esse equívoco comportamental tem sua origem na educação. Quando não somos elogiados, quando sempre exigem mais, formamos uma idéia de que não somos competentes o suficiente. E isso traz sofrimento. O elogio e o estímulo dão auto-confiança ao indivíduo e ele, por si mesmo, procurará se aperfeiçoar. Sem fazer disso uma desesperada busca.

Com o tempo e com as conquistas, aprendi que era capaz, que realizava excelentes trabalhos, que minha dignidade e honra estavam acima de qualquer coisa. E quando adquirimos a preciosa confiança, paramos de exigir muito de nós mesmos. Reconhecemos nossas aptidões e não fugimos das lutas. Aprendemos que perder é circunstancial e que nem tudo que eventualmente desejamos nos fará feliz. Aprendemos a respeitar os limites de terceiros e a nos satisfazer com o que estão habilitados a dar. Aprendemos a respeitar e a não subestimar. Reduzimos nossas expectativas, em todos os sentidos. E essa atitude nos dá enorme prazer, porque nos abrimos para surpresas agradáveis, nos tornamos pessoas de mais fácil convivência e jogamos fora a terrível intolerância. Passamos a nos alegrar com as vitórias dos demais, a aplaudí-las com sinceridade. E o mais importante, aprendemos a lidar com o reconhecimento de nossos feitos e saboreá-lo sem falsa modéstia.

                                                            

Nada existe que a vida não nos ensine. Só precisamos estar atentos e desenvolver um bom grau de observação. Cada indivíduo tem muito a nos oferecer e ensinar, inpendente do nível  cultural ou de qualquer outro fator.


"Ninguém é tão sábio que nada tenha para aprender, nem tão tolo que nada tenha pra ensinar. "  ( BLAISE PASCAL)

15 comentários:

  1. Pois é. Um 8 sempre esteve bom prá mim.Mas às vezes me pergunto,poderia me esforçar um pouquinho mais por um 10. But, what a difference? relax and enjoy it... hehehe
    Gostei da postagem.
    Cléo

    ResponderExcluir
  2. "A maturidade nos faz ver que não existe um conceito único de perfeição."

    Que texto maravilhoso; um ensinamento de vida.

    Adorei; abração.

    ResponderExcluir
  3. Olá, eu não sou tão exigente assim como você, sei dos meus limites, quem lê meus posts sabe bem disso, mas admiro muito quem deseja alcançar sempre o "melhor" e luta por isso...parabéns.
    Beijos da Mery

    ResponderExcluir
  4. Olá Marilene

    Eu tbm ja exigi muito de mim.Isso fez com que as outras pessoas tbm exigissem.
    Toda vez que eu ia fazer uma prova pra finalizar um determinado curso ou uma prova de concurso, eu sempre ouvia:Ah, essa vc tira de letra.E ai eu me matava de tanta estudar.Nao sei se pra nao decepcionar as pessoas que acreditavam no meu potencial ou se era pra nao me decepcionar!Isso tudo acaba sendo uma carga pesada demais!
    Hoje,ainda sou um pouco perfeccionista mas nao me cobro mais nada e nem aceito cobranças.Acho que apenas cheguei no meu limite.

    Otimo texto para se refletir!

    Seus textos sao de uma grandeza espantosa!Parabens!

    Beijos!

    ResponderExcluir
  5. Querida um aprendizado tão importante!!
    Muito bom!
    Beijos,
    Carla

    ResponderExcluir
  6. MARILENE,
    Ainda hoje mantenho resquícios de perfeccionismo. Isto somente me desgasta e chega a me aborrecer. Já fui pior, mas quero me descartar logo disto, pois ninguém veio ao mundo para atingir a perfeição, mas para dar o melhor de si.
    Por outro lado, respeitar limites é ato de tolerância.
    Beijokas.

    ResponderExcluir
  7. OLÁ MARILENE!!!
    AS EXPECTATIVAS, TRAZEM-NOS ANSIEDADE. NA MINHA VIDA, TENHO PAUTADO POR EXIGÊNCIA COMIGO PRÓPRIO, O QUE É MAU, PORQUE MUITAS DAS VEZES, FRUSTAMO-NOS, DEPRIMIMO-NOS. AGORA MINHA FILOSOFIA, É DAR O MELHOR DE MOM, E ENTÃO PENSO, SE OS OUTROS CONSEGUEM, TAMBÉM CHEGAREI LÁ. TEM UMA BOA SEMANA. BEIJOS, DESTE LADO DO MAR...

    ResponderExcluir
  8. Precisamos de expectativas mais leves, menos complicadas e que arejem a mente!

    ResponderExcluir
  9. Não é bom se ligar tanto nas coisas,um pouco de quase tudofora do lugar também faz bem de vez em quendo


    Beijinhos miga

    ResponderExcluir
  10. Marilene

    As tua crónicas são muito importantes para mentes irrequietas como a minha. Como fui sempre muito criticado, embora tenha sido coleccionador de alguns êxitos. De modo que tomo as criticas como elogios. Elogios que me chegam de sectores menos esperados. Confesso, podem já ao estimularem, que fazem bem ao ego, fazem!
    Beijos

    ResponderExcluir
  11. Marilene querida! Sou uma mulher de expectativas. Espero demais de tudo e de todos e de mim mesma, além de ser perfeccionista, uma dupla explosiva!
    Muitas vezes me decepciono por esperar demais dos outros, por acreditar demais nas pessoas, no ser humano, mas já me acostumei, faz parte da vida.
    Acertar, errar, sonhar, planejar, se decepcionar, faz parte do pacote.
    Gd Bj

    ResponderExcluir
  12. Oi Mari...nossa...esses seus textos fazem a gente pensar mesmo, como a educação dos nossos pais pode nos afetar no futuro.
    Apesar de vários sufoquinhos na minha vida quando criança ,divorcio dos pais, problema com bebida, mudança de países, dificuldade financeira..etc...sempre tive muito amor e acho que foi totalmente a base do meu ser.
    Penso muito nisso agora que estou no papel de educadora(com 2 filhos, 13 e 16), tantos erros que sei que cometo e me culpo.Mas o amor e respeito que faço questão que sintam, está sempre aí, e acho que no final é o que faz a diferença!Assim espero...rs.
    Adorei o post!!!
    Beijocas!!

    ResponderExcluir
  13. Hahaha....quer dizer que voce batia ,batia e ninguém atendia? Nossa...como sou mal educada...rs!!! Da proxima vez arromba a porta e vem me dar um esporro..rs!!
    Beijocas!!

    ResponderExcluir
  14. Gran verdad la que dices en este post.

    ResponderExcluir

Marque presença! Ficarei feliz com seu comentário.