29 julho 2011

APRECIANDO A ROTINA

                                                               

Houve uma época em que ficar em casa representava, para mim, um martírio. Tinha que sair, a qualquer custo. Tinha que ver pessoas e estar em lugares diferentes, ainda que voltasse para casa arrependida e cansada. Pensava que assim era a vida, que isso era estar presente no mundo. Desejava possuir tudo que via de belo nas vitrines, mesmo sem condições para isso. Mas saía às compras e voltava cheia de sacolas. Imaginava quando ia usar minhas preciosas aquisições e se ia conseguir impressionar. Uma fase em que vivemos para os outros. Temos que ser especiais, levando em conta a aparência.

Queria conquistar, ter vários números de telefone e opções de possíveis relacionamentos. Tudo errado, vejo hoje. Tudo em vão. Pessoas fúteis conhecia, despreparadas, narcisistas. E, como não poderia deixar de ser, nenhum relacionamento tinha sequência. Minhas amigas diziam que era muito exigente, mas, na verdade, nem havia tempo para isso. As peças, simplesmente, não se encaixavam. Levava adiante a conquista, mas por mero prazer, sem que dela resultasse algo significativo. Fui algoz e fui vítima nesse caminho. Recebi, muitas vezes, o que dava. Sentia-me atraída e conquistada, para ser abandonada (rss). Hoje vejo que não se tratava de abandono. Minha falta de maturidade encontrava seu equivalente.


                                                       
Fico impressionada com as mudanças pelas quais passamos. Aquele viver descompromissado acabou. Fui me cansando. A ausência de padrões comportamentais, de exigências, perdeu sua importância. Aí, fiquei, realmente, seletiva. Sair, só se o programa me desse prazer. Eu o trocava, naturalmente, por um filme em casa, por colocar a roupa na máquina de lavar, por ler algo interessante.  Só me esqueci que não podemos ser radicais. Cada lado desse modo de vida tem seu encantos. Não podemos optar por apenas um deles. Havemos que mesclar. Com a conduta que abracei, acabei caindo em uma rotina e passando a apreciá-la cada vez mais. Prefiro SEMPRE, ver filmes em casa e , raramente, vou ao cinema. Meu apartamento virou o centro de meu universo de prazer. Aqui, me sinto feliz e não dependo de ninguém. Eu me tornei aquele tipo de pessoa que costumam chamar de solitária. Mas não alimento esse sentimento. Sou livre e posso usar essa liberdade da forma que aprouver.


                                                              

Se alguém for entrar em minha vida, terá que esbarrar em mim em uma esquina, frequentar a padaria onde vou, minha locadora preferida, chegar através de alguém conhecido. Nada busco e nada espero em termos de relacionamentos afetivos. Isso não é resultado de cicatrizes, mas de opções. Cansei de futilidade, de pessoas que nada têm a oferecer, de interesseiros, de falta de ideais. Eu me basto e me alegro com as atividades que me dão prazer. Existo. Tenho meu mundo e a rotina não me desfavorece, porque gosto dela. 



(foto Marilene - JARDIM)

                                                        

(foto pessoal)

(foto pessoal)

                                                  
Fico feliz com a elegância discreta de meu espaço, das flores do jardim do prédio, das risadas de meus sobrinhos. Fico feliz com as conquistas das pessoas que amo, incondicionalmente, que fazem parte da minha família. Estou inteira. Não preciso de metades de laranja. Se me aparecer alguma, também inteira e saborosa, não vou rejeitá-la.




7 comentários:

  1. Curti muito seu post... Adorei as imagens que fizestes... e tudo que dividiu conosco sobre tu..

    Sabe q essa questão da maturidade é a ordem do dia em nossas vidas, também vivo me avaliando e reavaliando...

    bjsss meusss

    Cat

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  2. Vivendo e aprendendo amiga, passei por estas mudanças qualitativas também ao longo dos anos e adoooro!
    Beijos e boa noite!!
    Carla

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  3. Primeiro pensei,isso se chama maturidade.
    Mas relendo o texto, fiquei tentada a discordar. Não, nunca houve tanta futilidade . É um prazer, faz parte da alegria de viver se sentir bonita, compartilhar uma taça de vinho com pessoas que gostamos,ou que podemos vir a gostar. É gostoso ir na locadora,escolher um filme prá assistir em casa, mas é mto bom ir ao cinema,se esbaldar com um saquinho de pipocas..rsrs Não seja tão radical, há que espantar a preguicinha..eu tento! e vale a pena, juro! Nada é tão novo como qdo eramos mais jovens, mas ainda há muito a descobrir. A pergunta é: será que alguma coisa mudou de verdade?
    bjsss
    Cléo

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  4. Que crônica bonita, Lene! Fiquei um tempo aqui olhando pra trás e lembrando de situações não menos diferentes das que vc relata... Brigada, viu, por esse papo tão agradável... Como é bom encontrar uma rotina que não nos desfavorece, com qual nos sentimos bem... como é bom nos sentirmos feliz com coisas que independem de outra pessoa... A felicidade está em nós, não no outro. Bjs!
    (Tenha um lindo e inspirador fim de semana!)

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  5. Estou com a Cléo. Tem preguiça aí.
    Não nego que uma doce e reconfortante rotina nos satisfaz. Mas este tipo de vida acaba afastando uma pessoa do convívio necessário. Ela se fecha para o mundo real e passa a viver num mundinho à parte. Por mais que ele possa parecer completo, não é. Tende mais para acomodação.
    É o que eu penso, mana.
    Sai para a vida, a vida ainda não acabou.
    Tenha seus momentos de aconchego em seu agradável AP, mas deixe que a vida lhe mostre
    outros prazeres, já dentro de sua maturidade.
    As fotos do jardim ficaram lindas.
    Beijokas.

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  6. OLÁ MARILENE!!!
    NA VIDA ESTAMOS SEMPRE A APRENDER. NUNCA TE FECHES, NUNCA TE ISOLES.ABRE-TE PARA O MUNDO. A VIDA ACONTECE FORA DE PORTAS. AGORA, PRESENTEMENTE, ESTÁS MAIS MADURA, MAIS MULHER, E SABES O QUE QUERES DA VIDA.TEM UM FIM DE SEMANA ILUMINADO.RECEBE BEIJINHOS DE LUZ, DESTE LADO DE CÁ...

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  7. Só o tempo para nos fazer ter prazer na rotina. "O tempo é sábio", como já diziam.

    Bjs!

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