17 junho 2011

EMPRESAS SEM ROSTO

                                                                   

Estamos na época das empresas sem rosto. Não há com quem falar, pessoalmente. Tudo tem que ser "resolvido" pelo telefone. Daí o número cada vez maior de reclamações junto ao PROCON, muitas das quais só serão solucionadas, realmente, pela via judicial.

Problemas com a banda larga, com o telefone, com a tv a cabo, com órgãos que o remetem ao site e nunca respondem, com as empresas que vendem pela internet... E quem disse que temos que fazer uso desse caminho virtual ou telefônico para resolver o que nos incomoda? Prefiro falar com alguém, pessoalmente, pois a capacidade de convencimento é maior, como também a possibilidade de entendimento. Mas nem sempre conseguimos isso.


                                                               
Há um tempo atrás, fui ao shopping para comprar  um novo telefone celular e, depois da escolha e da satisfação de algumas exigências, percebi um certo constrangimento por parte da vendedora , já minha conhecida. A gerente veio, então, para me informar que não podia efetuar a venda porque eu tinha débitos com a operadora. Meu sangue ferveu. Pedi para falar diretamente com alguém de lá e me disseram que, de minhas três linhas, duas apresentavam altos débitos. Como, indaguei, se só tenho uma linha de celular? Aí é que complicou, pois, diante de minha afirmação,  recusaram-se a dar qualquer outro esclarecimento, solicitando que eu fosse a uma Delegacia de Polícia e lavrasse um B.O.  .  Minha raiva e meu constrangimento foram tamanhos que fiquei com dor de cabeça. Nem poderia me arriscar a fazer outras compras, pois, certamente, estava negativada junto aos órgãos de crédito.

Comecei, então, minha peregrinação. Não havia com quem falar. Notifiquei, por três vezes, a operadora e não me deram qualquer resposta. Procurei o PROCON e me disseram que essas questões eram de difícil solução através deles, sugerindo medidas na esfera judicial. Tentei entrar em contato com o departamento jurídico da empresa e não atendiam advogados. Como não se deve recorrer à justiça, em causa própria, nesse tipo de ocorrência, já que, certamente, na audiência pode haver descontrole emocional e discussão, contratei um advogado.

                                                               
Instaurado o processo, com pedido de liminar para cancelamento, imediato,  das restrições cadastrais, alguém ligou para minha residência e, felizmente, não estava em casa. Eu me perguntava como uma pessoa poderia ter adquirido as linhas em meu nome, com meu número de identidade e de CPF, se não havia perdido qualquer documento. Quando adquiri  a minha linha, tive que apresentar os originais de todos eles. Só cometeram um equívoco, meu RG não é de Minas Gerais, mas de SP, e isso me fez presumir que a fraude teria sido praticada com auxílio interno.

Uma questão tão fácil de ser comprovada e o processo demorou dois anos em tramitação. Chegaram a dizer que era auto-falsificação, mas nenhum documento apresentaram à justiça. Sequer os tinham. Mais um motivo para a presunção de fraude interna.

                                                             

Eles procrastinaram, mas, como tinha que ser, perderam. E o advogado da empresa ainda teve o descaramento de me oferecer, na audiência, R$1.000,00 (mil reais), para um acordo, alegando que era de praxe encerrarem os processos nessas condições. Quer dizer que isso era rotina por lá! Só mesmo diante de condenações altas, essas prestadoras de serviço vão tomar mais cuidado. E não que o dinheiro pague a humilhação sofrida pelo cliente, não tem esse poder.

Felizmente, o Juiz decidiu e, em recurso, o Tribunal manteve uma sentença de condenação com valor indenizatório bem superior. Haviam que considerar que eu advogava para uma grande empresa e que a negativação era inconcebível para mim, em minha área de atuação, podendo resultar em consequências gravíssimas.

Mas nem sempre o resultado é esse. Muitos passam pela mesma situação e não fazem valer seus direitos. Nem sabem a quem reclamar, além do PROCON. Sei que houve um crime, mas meu pedido de instauração de inquérito policial, certamente, está em alguma gaveta.

Passou a raiva, mas não a indignação. Se todos reclamassem ( e tem que ser via judicial), poderíamos obter mais respeito por parte dessas empresas sem rosto, que só nos mostram vozes de pessoas totalmente despreparadas, e por telefone.




13 comentários:

  1. Ai, também odeio todos eles....
    E quando eles desligam na sua cara, depois da quinta ligação, e de uns cinquenta minutos de espera...
    Eu acho que quando não tem solução, esse meio automático é ativado, igual ao de espera, se a gente não explicar direitinho o problema eles deixam você mais tempo de molho. Eu tenho uma tática agora, quando não tem musiquinha, e eles me deixam feito boba, eu fingo no telefone uma conversa escabrosa com alguém fictício, na doce tentativa de prender a atenção do outro lado da linha. Nem sei se eles escutam mesmo, mas certa vez incluí na conversa a reclamação de que até a tal dá música não existia mais, e a música no mesmo instante apareceu, vai dizer que não é gozação com a pobre cliente.
    Esse povo não tem jeito não, sorte sua ser advogada nessas horas, pelo menos já sabe que caminho percorrer...
    Bjoo!

    ResponderExcluir
  2. Também fico altamente irritada quando preciso buscar solução de problemas com esse tipo de Empresa. Para nós, advogados, já é complicado, imagine para aqueles que sequer têm noção dos instrumentos legais a utilizar.
    Excelente enfoque.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  3. Ganhei um presente do Arte: Mosaico da Luciana (http://lucianacrestana.blogspot.com/) e quero compartilhar com você por um simples motivo: Este blog me inspira! A regrinha é simples postar o selo (que já está lá no meu blog, é só copiar) e repassar para 8 (oito) blogs que te inspirem. Obrigada por suas postagens, por seus comentários, por seu carinho! Bjs e flores, Acácia.

    ResponderExcluir
  4. Vou transcrever o comentário de uma amiga, recebido por outros meios, eis que ela faz parte do judiciário: "Sem rosto e sem qualidade! E o telefone é terceirizado! Não tem compromisso com o cliente! Onde vamos parar!"

    ResponderExcluir
  5. Marilene.. agradeço-lhe imensamente pelo selinho!.. Já estou levando comigo e colocando em meus *carinhos recebidos* [:)]

    Beijocas super em seu coração..
    Verinha

    ResponderExcluir
  6. Por desgracia asi es, hay mucha crisis, espero
    pase cuando antes y todo vuelva a la normalidad.
    un abrazo.

    ResponderExcluir
  7. Domingo dia 19, programei uma surpresa para vc lá no blog!
    Venha me visitar! Espero que goste!
    bjs Sandra
    http://projetandopessoas.blogspot.com//

    ResponderExcluir
  8. Cleo escreveu: "E poucas pessoas,considerando o universo da população, tem acesso à justiça para reclamar seus direitos , E a justiça é leeeennnnnta ,mtas instancias, mtos recursos, um vai e volta danado.."

    ResponderExcluir
  9. Marilene,

    Mais uma crônica pertinente !!! Compactuo com tuas observações e indignações. Teu Blog, trás muito da vivência da maioria das mulheres e ouso dizer que, por "procuração" - rsrsr também a voz da maioria de nosotras. PARABÉNS!!! (pelo visto, não cansarei em parabenizá-la por teus escritos - rsrs) Beijos *Yara Maria*

    A "era" da despersonalização teve início com troca dos valores humanos pelo capital, pela competição exacerbada, pelo "vale tudo por dinheiro", pela perda da moralidade e valores espirituais, ...pela desumanização do humano. Infelizmente, contrariando o cantado por nosso"Síndico" , hoje em dia, vale tudo ... até "dançar homem com homem e mulher com mulher" ( sem nenhuma homofobia de minha parte), concluí-se na atualização da música que : "Não há mais restos" e, tudo agora vale !!! - rsrsr Como sempre digo a minha mãe : - O Mundo está acabando !! Ela concorda comigo, infelizmente !*Y*M*

    ResponderExcluir
  10. Marilene bela cronica. Entendo perfeitamente sua indignação.
    Aconteceu com meu pai. Aposentado, o Banco Pananmericano concedeu um emprstimo..debitando o valor da prestação sem que ele nunca tivesse feito. O pior que o valor do desconto vinha direto no contracheque de aposentadoria.
    Entramos com uma ação indenizadoria e acabamos fazendo um acordo, pq meu pai queria resolver logo o problemas.
    Pasme..passarm-se dois anos... aconteceu tudo de novo... desconando o valor daquele emprestimo antigo, que eles mesmo ja haviam dado com culpados.
    Vc acredita?
    O processo esta correndo..mas é td tão demorado!!

    Ah..em relação ao selinho..muito obrigada. A Acacia enviou a mim ta..eu postei junto com o Maracuja, mas vou incluir vc como ter-me enviado tb ok?
    Um bj..bom sabado..
    MA

    ResponderExcluir
  11. pois é marilene, e creio que ainda ficara pior.
    beijos querida e bom fds

    ResponderExcluir
  12. Marilene querida,

    Isso aconteceu comigo, exatamente igual. Um telefone no RJ com o meu CPF, sendo que sou do RS. Fiz o mesmo que tu, mas para mim a justiça tardou mais, tardou mas pagou.
    O meu grande problema, que tenho há mais de 6 anos, é com a Editora Abril, que fica espalhando "brindes" pelos supermercados e há 6 anos eles cobram no meu cartão de crédito os "brindes" dados. Nao consegui entrar na justiça ainda porque não estou morando no Brasil. Mas agora voltarei no meio do ano e farei algo. Eu fico imaginando aquelas senhoras e senhores aposentados, que pegam brindes e não se dão conta que estão sendo descontados... é uma pouca vergonha, e mais que roubo, é um crime.
    Espero que na minha volta eu possa fazer algo.
    Um beijo!
    Fabi

    ResponderExcluir
  13. Sólo nos queda tener paciencia. Saludos.

    ResponderExcluir

Marque presença! Ficarei feliz com seu comentário.