VIDA COLORIDA

(arquivo pessoal)

                                                         
                                                                       
                                                                

A beleza não está nos olhos mas no coração de quem observa alguma coisa. Os olhos são um meio de captá-la, apenas. O cego pode absorvê-la pelo toque. A sensação de que estamos frente a frente com algo belo vem de dentro.

Somos nós que escolhemos as cores de nossas vidas. Podemos vê-la em preto e branco, sombria, sem perspectivas ou esperanças. Ou podemos vê-la, ainda em preto e branco, mas linda, clássica, elegante. São os olhos? Crtamente que não, mas a mente, o coração.

Temos a faculdade de pintá-la com as cores do arco-íris. Ver luz em qualquer objeto ou pessoa. Podemos grafitá-la com mensagens de amor e alegria. E assim, cheia de emoções, ela vai penetrar nos olhos de quem nos olha e chegar ao seu coração irradiando luz e prazer.

                                                        

Há quem olha pela janela e vê , tão somente, prédios, ruas apertadas, muitos carros, falta de privacidade, poluição...

E há quem olha para fora e vê lares, crianças brincando, árvores nas ruas, pessoas caminhando pelas calçadas, janelas abertas perto ou longe, movimentos, vida.

É essa diferença na maneira de olhar e sentir que separa felizes e insatisfeitos. Ainda há pouco me lembrei de um comercial antigo, que pouco tempo ficou no ar, devido à repercussão negativa que provocou. Nele, alguém dizia que o dia estava lindo e logo o outro respondia: mas vai chover. Asim, sucessivamente, um lado positivo era jogado ao chão por um comentário desanimador.  Na vida, sempre temos interlocutores, eis que não estamos sós. Podem eles ser amigos, filhos, parentes, vizinhos, desconhecidos. E cada qual com sua bagagem, com suas expectativas, com suas cores bem individuais.

A chave para transpor essas barreiras também não é material, mas pode ser obtida com a vontade, com o afastar da escuridão, com a abertura de frestas que permitam a entrada de raios solares. Mas é necessário vê-los, inicialmente, com os olhos. Sentí-los, deixar que aqueçam o corpo, liberar a mente do negativismo, permitir que as emoções aflorem. Daí até o ato de colorir a vida o caminho será bem mais curto.

Certa vez, em um curso para empresários, o expositor afirmou que todos devemos ter o chamado "olho bom", para evitar o estresse diário e aumentar nossos momentos de prazer. Esse "olho bom" me deixou uma lembrança que sempre vem à tona, nos momentos em que olho para algo que me parece errado. Ele me faz olhar de novo, já que não somos donos de qualquer verdade e podemos nos enganar facilmente. Sua explanação foi bem mais abrangente, mas podemos começar com pequenas coisas. Por certo, nossas vidas terão mais luz.

                                                           

Não é impossível colorir a vida, basta ter disposição para isso. E coragem. Quem só usa roupas escuras pode começar por vestir uma peça mais alegre, ainda que seja um simples detalhe. Quem se aborrece com o dia chuvoso pode se lembrar que a chuva é indispensável para as plantações, para melhorar a qualidade do ar. Quem se desespera com o trânsito caótico, pode ouvir canções relaxantes em seu percurso. Quem tem várias tarefas para o dia, deve começar pelas que mais exigem esforço, já que, realizada esta, as outras  ficarão mais fáceis.

Não precisamos ser fotos amareladas pelo tempo, sem molduras, colocadas em uma parede de pintura gasta. Temos o recurso de, alimentando a mente e a alma, nos transformarmos em pinturas capazes de atrair, de tornar o ambiente mais leve, contribuindo para que outras pessoas também passem a variar as cores de suas vidas.

                                                                  Marilene