30 abril 2011

AMOR OU OBSESSÃO ?


                                                                           

Quando ouvimos alguém dizer que está sofrendo perseguição por parte de um amor, ex-amor, até de um desconhecido, nosso primeiro pensamento é que ela deve fazer uma denúncia. Mas sabemos que essa providência em nada resultará. Há ainda os que nem acreditam, principalmente quando se trata de alguém com quem nos relacionamos. E o pior é que, nós mesmos, quando esse comportamento tem início, costumamos relevá-lo em nome do AMOR.

Há uns bons anos, vivi uma experiência dessas. No começo, não percebi. Só fui juntando os fios à medida que fatos desconhecidos vinham ao meu conhecimento. Aconteceu assim:

Saindo do trabalho, com uma amiga, resolvemos fazer um lanche e conversar um pouco. Paramos em uma cantina, relamamos do trabalho, contamos casos, rimos e fomos embora. Ela pagou a conta com cheque, era valor pequeno, e dei a ela, em espécie, minha parte. No dia seguinte, almoçamos juntas, no restaurante da empresa, e ela me contou ter recebido uma ligação estranha. Um homem lhe perguntara se esteve naquela cantina no dia anterior e se usava óculos. Ela perguntou como sabia e ele, muito gentil, pediu desculpas pela ousadia, dizendo que obtivera o telefone com o maitre, seu amigo. Estava anotado no verso do cheque. Perguntou o nome da amiga que a acompanhava e ela, sem maldade, disse, mas não deu o telefone. Depois do almoço, voltamos ao trabalho e, no final da tarde, recebi uma ligação. Uma voz linda e um homem muito educado. Foi fácil para ele descobrir o telefone, já que sabia que trabalhávamos no departamento jurídico e bastou pedir para falar comigo. Pediu desculpas pela forma como o conseguiu, disse reconhecer que esse procedimento não era correto, mas que não havia encontrado outra maneira para manter contato. São Paulo é uma cidade grande e teria poucas chances de me reencontrar. Convidou-me para jantar e, obviamente, aleguei ter outros compromissos e recusei. Era um desconhecido.

                                                                    
Passados uns dias, ligou novamente. Convidou para sairmos no sábado. Eu disse que não estaria na cidade e que só retornaria dentro de alguns dias.
Pensei que o havia afastado, mas me enganei. Uma semana depois ele voltou a telefonar, convidando, agora, para um almoço , não só eu, mas minha amiga também. Para ficar livre desse incômodo, aceitei e fui, com minha amiga, almoçar com um desconhecido. Marquei na mesma cantina, pois sequer sabia como ele era. Chegamos, nos acomodamos, tomamos um suco e, de repente, um homem se aproximou e se apresentou. Foi muito gentil, almoçamos juntos e, ao pedirmos a conta, o maitre afirmou que era cortesia da casa. Muito estranho. Mas ele explicou que também era maitre, aliás de uma famoso restaurante que existe em São Paulo, e que entre eles havia esse tipo de procedimento.
                                                                           
Nós nos despedimos e pronto. Alguns dias depois ele me ligou mais uma vez. Era simpático e, embora não tivesse nada a ver comigo, para justificar um relacionamento, aceitei. Saímos algumas vezes  e resolvi deixar as coisas claras. Se quisesse ser meu amigo, tudo bem, mas que não alimentasse qualquer outra expectativa porque eu não o via de outra maneira. Para minha surpresa, ele aceitou. E aí começou a perseguição. Eu não conseguia ficar livre dele. Me esperava ao sair do trabalho. Me ligava, pedindo que fosse até a janela, para ver que estava na calçada. Passou uma noite inteira dentro do carro, na porta do meu prédio, porque me recusei a recebê-lo. O porteiro me perguntou se queria que chamasse a polícia. Ele me parecia inofensivo, mas comecei a ficar tremendamente irritada com a situação. Chegava ao ponto de ficar na esquina da minha rua, bem cedinho, para me ver quando passava de carro para trabalhar. Uma loucura! Minha família, residindo em Belo Horizonte, estava preocupada.

No meu aniversário, encontrei minha sala, no trabalho, cheia de flores e com uma faixa de FELIZ ANIVERSÁRIO. Ele conseguiu isso com a ajuda de minha amiga, que o achava bem simpático. Uma fotógrafa me recebeu, para registrar a ocorrência. Fiquei perplexa. Quando cheguei em casa, havia outra faixa na entrada da garagem. O porteiro o havia ajudado. Pedi que tirassem, imediatamente.  Ele apareceu, então, e disse que tinha uma outra surpresa. Eu estava a ponto de explodir, mas me controlei e fui ver o que era. A foto abaixo mostra. Ele colocou no painel do Vale do Anhangabaú,  iluminado e mostrando, a cada cinco minutos, seus votos de Feliz Aniversário e uma declaração de amor.

                                                                     
Resumindo, troquei de carro, para que não me identificasse. Mudei o horário de trabalho, para que não me encontrasse. No meu prédio, pedi que não o anunciassem e sempre dissessem que não estava em casa. Custei a ficar livre dele. Nunca foi indelicado, mas já me causava medo. Isso não era amor, como ele dizia, mas uma obsessão. Ele via em mim qualidades que não possuía. Nunca fui mulher de provocar um virar de olhos na rua, só se o homem estivesse com torcicolo ou minhas roupas estivessem fora do lugar. Não entendia aquela perseguição. Mudei muitos hábitos, até que ele, não conseguindo me encontrar, desapareceu por uns tempos. Infelizmente, a mãe dele faleceu e teve que cuidar de outras questões, não sobrando tempo para me perseguir.

Mas nem todos os casos de obsessão terminam assim. Pessoas são machucadas e até assassinadas em nome de um amor maluco. É preciso ter excessiva cautela com esse tipo de pessoa. Ofender e magoar não é a solução; mas, firmeza, sim. E quanto antes, melhor. Quem encontra parceiros assim deve fugir logo. Esse sentimento não é saudável. Às vezes, por carência, homens e mulheres o abraçam e depois ficam totalmente perdidos. Todo cuidado é importante. Amor não é sentimento de dominação e perseguição. Amor é respeito pelas decisões do parceiro, ainda que não correspondam  às nossas expectativas. É preciso sabedoria para aceitar isso e, principalmente, para reconhecer que, quando estamos sós, nossa companhia pode ser a mais agradável que alguém pode ter.



Publiquei a postagem sem reler , o que só fiz agora (00:40h). Percebi uns lapsos de grafia, já corrigidos. Peço desculpas a quem a leu antes. Passou (rss)!

6 comentários:

  1. ORA, MARILENE. NÃO SEJA MODESTA, DIZENDO QUE NÃO É MULHER DE PROVOCAR UM "VIRAR DE OLHOS" NAS
    RUAS. EU SOU TESTEMUNHA DO CONTRÁRIO.
    POR OUTRO LADO, EMBORA SEJA CASO DE SE FICAR LISONGEADA COM CERTOS MIMOS DE UM HOMEM, É VERDADE QUE ESSE AÍ EXAGEROU. É DE SE ACUTELAR, REALMENTE, PRINCIPALMENTE CONSIDERANDO O QUE É VEICULADO NOS NOTICIÁRIOS TODOS OS DIAS.
    BITOCA.

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  2. kkkkkkkkk Com esse sorrisão ainda quer ser modesta né! Mas, amiga! adorei a faixa no Anhangabau, oia q eu moro aqui e sei o tanto que aparece uma faixa ali,,,kkkk muito movimentada a região... mas não vale de nada né se a reciproca não existia (ou ja havia acabado)... Eita mineira.... bj.

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  3. Puxa...isso é perseguição das boas mesmo.CREDO! Ninguém mereeeeeeeeece uma sarna assim...Cutufun!!!rsrs... beijos,lindo domingo,chica

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  4. Seus textos são muito bons. Passei para ler-te e desejar-te um lindo domingo, beijos.

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